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BELO HORIZONTE RECEBE PRIMEIRA EDIÇÃO DA BIENAL FUNARTE DE MÚSICA E CIDADANIA

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De 14 a 16 de dezembro, Belo Horizonte recebe a primeira edição da Bienal Funarte de Música e Cidadania. O evento, promovido pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), será realizado no Sesc Venda Nova, localizado na rua Maria Borboleta, s/nº, Novo Letícia. Com três dias de duração e oito horas diárias de atividades, a Bienal terá plenárias, oficinas, rodas de conversas, entre outras atividades. A Bienal terá a consultoria de Magali Kleber, Felipe Radicetti e Lígia Pimenta, parceria cultural do SESC e apoio do programa Brasil de Tuhu.

Criada e idealizada pelo Diretor do Centro da Música da Funarte, Marcos Souza, a Bienal traz em sua primeira edição como tema central a atuação dos projetos sociomusicais em prol da cidadania. “O propósito da criação da Bienal é reunir projetos de sucesso e criar um diálogo entre eles. É fazer a conexão de diferentes ações e pesquisas para a construção de uma rede. Compartilhar experiências, levantar quais são as necessidades comuns dos projetos e criar um processo de intercâmbio solidário para o fortalecimento de todas as iniciativas. É discutir a aproximação da música como uma ferramenta de cidadania e não somente como entretenimento para a sociedade em geral”, destaca Souza.

A Funarte propõe a Bienal de Música e Cidadania como um processo de mobilização de sinergias não apenas entre os projetos sociomusicais, mas também entre eles e seus interlocutores no setor público e privado, é o que destaca Maya Lemos, coordenadora da Bienal. “É uma ocasião para os projetos se conhecerem, elaborarem mecanismos de compartilhamento de expertise, de fertilização mútua e colaboração efetiva. Também é o momento para formalizarem uma rede representativa, capaz de dialogar de forma mais potente com as instâncias governamentais, com os financiadores e apoiadores potenciais, públicos ou privados”, diz Lemos.

Magali Kleber, uma das consultoras da Bienal, é autora da tese “A prática de educação musical em ONG’s: dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro” e presidente da Associação dos Amigos do Festival de Música de Londrina. Em sua tese, Magali estudou a Associação Meninos do Morumbi, de São Paulo, e o VivaRio, do Rio de Janeiro. Ela acredita que a criação da Bienal vem em um momento oportuno e contribui de maneira positiva para o cenário sociomusical brasileiro. “A Bienal traz a proposta de fortalecer o trabalho desenvolvido pelos projetos, promover uma sinergia entre eles, fortalecer o conhecimento, a troca de informação, o conhecimento pedagógico-musical e a gestão de projetos sociais”, ressalta a consultora.

Gestores dos projetos Guri, Osesp, Neojiba, Agência do Bem, Projeto Integração pela Música (PMI), Escola de Música Vander Lee, Orquestra de Ouro Preto, Orquestra da Grota, Projeto Marajó, Filarmônica de Minas Gerais e Escola de Música da Rocinha, são alguns dos confirmados no encontro. O evento também terá a participação de importantes nomes internacionais como o maestro uruguaio Ariel Britos, Presidente do Programa Iberorquestras; Gabriel Goñi Dondi, Presidente do Ibermúsicas da Costa Rica; e o compositor Fernando Garnero, do Ibermúsicas da Argentina.

Lígia Pimenta, Coordenadora da Associação Meninos do Morumbi e também consultora do encontro, afirma que a participação de coordenadores de diferentes projetos cria um espaço de trocas de práticas e experiências e gera múltiplas aprendizagens. “Isso fortalece as capacidades e as competências das equipes atuantes nos projetos musicais sociais. É um espaço em que, de maneira colaborativa, dialógica e muito relacional, os participantes vão refletir sobre o que fazem, porque fazem dessa forma e surgirão várias possibilidades inovadoras e criativas. O grande diferencial desse encontro é que vamos trabalhar com metodologias ativas e construir coletivamente uma forma de atuar e enfrentar os problemas de gestão, captação de recursos e políticas públicas”, diz Pimenta.

Para o coordenador musical José Schiller, a Bienal cumpre um importante papel sendo uma facilitadora para a troca de informações e consolidação de uma rede solidária. “É missão institucional da Funarte promover e medir este intercâmbio, acreditar no alcance e efetividade do movimento social pela música, cultura e afirmação social. Reconhecer e estimular o exercício da cidadania através da arte. Cada projeto social pela música se funda em suas estratégias, experiências, realidade específica, mas seguramente tem pontos em comum que podem enriquecer uns aos outros, iluminar alternativas criativas, superar desafios, ampliar o alcance e o exercício da cidadania que inspirou a criação e motiva o trabalho de cada projeto”.

O perfil dos projetos musicais brasileiros

Um dos destaques da Bienal é a divulgação do primeiro levantamento nacional com o perfil dos projetos sociomusicais brasileiros. Inédito no país, o estudo foi desenvolvido pelo programa Brasil de Tuhu que foi criado em 2009 com a missão de ampliar e fortalecer o ensino musical nas escolas brasileiras. A pesquisa foi realizada com o objetivo de mapear os projetos de educação musical no Brasil e levantar o público atendido, instrumentos e estilos musicais ensinados, financiamento e principais dificuldades.

Ao todo, o Brasil de Tuhu entrevistou cerca de 300 projetos de dezembro de 2016 a março de 2017. A pesquisa conclui que 52% dos projetos estão concentrados na região Sudeste e que a maioria foi criada nos últimos dez anos. Outra constatação do estudo é que a lei de 2008, que tornou obrigatório o ensino musical nas escolas, parece ter tido pouco impacto no trabalho das instituições. “Estudos como esse, contribuem para avaliar resultados, levantar as necessidades das iniciativas e é fundamental para apoiar o desenvolvimento de políticas para o segmento. A Bienal já é um primeiro passo para esse processo. É a criação de um espaço para a articulação qualificada entre diversos projetos”, ressalta Marcos Souza. A pesquisa completa será divulgada durante a Bienal.

A educação e a música

Outro tema que também será discutido na Bienal é a importância da música como fator transformador na vida dos jovens e como ela pode ser usada como ferramenta de educação. “Os projetos sociomusicais exercem um importante papel na promoção da cidadania por meio da música. Um papel que a escola não pôde cumprir, por diversos fatores. A realização da primeira Bienal cumpre um importantíssimo e oportuno papel. Ela vai promover uma rede de projetos que precisam se articular. O encontro vai discutir as atribuições que a música pode ter para a construção da cidadania”, acredita Felipe Radicetti, um dos curadores do evento.

Radicetti é compositor e organizador do Primeiro Encontro Internacional de Educação Musical da UFRJ. Em 2008, foi o criador da campanha “Quero Educação Musical na Escola” que resultou na criação da Lei 11.769 instituindo a volta da educação musical às escolas. A campanha mobilizou inúmeros artistas como Ivan Lins, Frejat, Daniela Mercury, Lenine e Fernanda Abreu. O músico acredita que a Bienal trará bons frutos para os projetos sociomusicais brasileiros. “Esse mergulho que está sendo proposto em uma série de atividades para os gestores dos projetos, aproxima e fornece uma poderosa troca de experiência e o fortalecimento dos projetos. A presença da música na educação é um espaço privilegiado de trocas e de comunicação. Contribui para o desenvolvimento global do indivíduo e precisa ser debatido”, conclui Felipe.

SERVIÇO
Belo Horizonte recebe primeira edição da Bienal Funarte de Música e Cidadania
Local: SESC Venda Nova (Rua Maria Borboleta, s/nº, Novo Letícia – Belo Horizonte/MG)
Data: 14 a 16 de dezembro
Horário: das 9h às 18h
Informações Bienal: http://www.funarte.gov.br/

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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