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A fragilidade e vitalidade do ser humano em “Lucky”, de John Carroll Lynch

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O ator John Carroll Lynch faz sua estreia na direção em Lucky, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 7, como uma pequena pérola que se destaca entre as demais. O longa é uma tragicomédia que acompanha a personagem-título, um homem de 90 anos que já fumou mais do que qualquer outro habitante de sua cidade no meio do deserto e, agora, só espera a hora da morte chegar. Assim, ele inicia seu último ato em vida: realizar uma auto análise a fim de ter uma visão plena de si mesmo.

Aliás, este é uma daqueles momentos que a arte imita a vida, uma vez que Lucky é interpretado por Harry Dean Stanton, falecido em 15 de setembro de 2017, e deixou como última obra um dos melhores trabalhos de sua carreira grandiosa: um protagonista hipnótico e orgulhoso do caminho que trilhou, que não quer dar adeus, mas sabe que não há como escapar da ordem natural da vida, mas, nem por isso se deixa abater – ele continua sendo o rei do vilarejo onde vive.

No entanto, apesar da resiliência perante a idade, certo dia, Lucky se sente tonto e cai. Após passar por um exame médico que diagnostica o que já era esperado: o peso dos anos começou, de fato, a se sobrepor à força do homem. Com isso, ele tem que passar por uma das tarefas humanas mais complexas: assimilar que a morte está realmente próxima e não é mais algo abstrato e distante.

Além disso, o roteiro toma uma decisão acertada ao mostrar que, quando uma pessoa passa a se ver mais próxima da morte, as outras pessoas também o fazem, mesmo inconscientemente, tornando os laços mais delicados, seguindo um caminho diferente do de Lucky – e Stanton -, que apesar da fragilidade da aparência, ainda mantém um vitalidade em seus pensamentos e ações, aumentando o carisma da personagem, que toma a atenção do espectador de primeira e sem qualquer esforço.

Contudo, o veterano Stanton não conseguir ver seu trabalho mais aclamado dos últimos anos nas telas, uma vez que o filme estreou duas semanas após o falecimento do ator, mas lhe rendeu indicações de Melhor Ator em premiação grandes, como o Satellite Awards e o Gotham Awards, além de ser premiado no Festival de Gijón, na Espanha, postumamente. Infelizmente, apesar da torcida, as chances de uma nomeação ao Oscar 2018 são ínfimas por se tratar de um filme pequeno, mesmo com nomes de peso no elenco, como David Lynch (como ator) e Tom Skerritt.

Por fim, Lucky é um longa excepcional, guiado com maestria pela pulsante presença de Harry Dean Stanton, cuja performance inicialmente frágil, com o passar dos minutos, torna-se avassaladora ao exprimir aquele mágico e assustador verso, a qual diz que “nada será como antes, amanhã”, fazendo como que cada pequeno detalhe de um dia-a-dia absolutamente trivial se transforme em uma vitória tão gratificante quanto as dos tempos que não voltam mais, garantindo um momento de triunfo antes de dizer adeus.

 

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