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Rodrigo Portella leva as palcos uma infelicidade quase rodriguiana

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Um clima de doença e onde prevalece certa indefinição cênica e de sensações; é como podemos descrever o início do espetáculo. É teatro que se desenvolve nos espaços entre as classificações claras. Está nas pequenas nuances, a iluminação engenhosa, nas pausas e transições – suspensão. Performances especiais como a do menino deficiente, simplesmente roubam a cena.

Osvaldo, o viúvo de Alice, as duas irmãs de Alice, uma com um filho de quinze anos, e o pai de Alice: são personagens que nos levam a imaginar a possibilidade do fracasso e do desmoronamento psicológico frente à perda de alguém querido, frente aos obstáculos que sempre vêm. Um ambiente de acusações mútuas leva essa família ao caos e no caos eles vivem. É difícil distinguir um só motivo ou circunstância para tamanho imbróglio emocional, mas um novo caminho é encontrado, à parte de qualquer julgamento moral. É uma peça imoral, no melhor sentido que este vocábulo possa ter.

A trama chega a retratar uma infelicidade quase rodriguiana. O elenco impressiona pelo êxito em repassar ao público, em um teatro dramático, quase trágico, sentimentos de frustração, perda, dor, angústia. Mas apesar de toda a carga e de toda a melancolia, sobrevivem a vida, que continua.

 Não há virtuosismos técnicos, mas a luz e o som são propriamente harmonizados à trama. A preparação vocal e corporal dos atores está entre as coisas que mais impressionam.

Felipe Mury
Felipe Mury
Felipe Mury é ator formado pela Casa de Artes de Laranjeiras e bacharel em Direito pela UFRJ. Amante das Artes Cênicas, especializou seu olhar em relação ao Teatro, sendo uma ficcionado por Shakespeare e Brecht.

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