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Lion: Uma contemplação sóbria sobre a família, raízes e identidade do lar

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Por: Leandro Fonseca

Adaptado do livro de memórias A Long Way Home, escrito por Luke Davies e com uma direção competente do estreante, o australiano Garth Davis, o longa tem início com o pequeno Saroo (Sunny Pawar) roubando carvão ao lado do irmão Guddu (Abhishek Bharate) para que possam comprar leite para a mãe (Priyanka Bose) e a irmã caçula (Khushi Solanki), o que estabelece a existência miserável que vivem, numa região muito pobre da Índia.

Em meio a peraltices e a luta para sobrevivência, Saroo se perde do irmão mais velho em uma estação de trem em Calcutá. O irmão o leva junto, mas o menino, ainda muito pequeno não acompanha o ritmo, quer dormir e fica deitado no banco da estação. Vendo que Guddu não retornava, sozinho e com medo, acaba entrando em um vagão de trem e indo parar em Bengala, um território dividido entre a Índia e Bangladesh. Depois de passar por muitos apuros, o pequeno vai parar em um orfanato, já que não encontra sua família. É adotado por uma família de australianos, vividos por Nicole Kidman (essa em uma atuação genial e sensível, em todas vezes em que aparece vai muito bem) além do competente David Wenham.

Na primeira parte do filme, o adorável Pawar, desfila uma atuação que expressa com talento não só o horror crescente que seu personagem experimenta à medida que percebe a dimensão do problema, mas também a inteligência do menino, que é capaz de detectar enrascadas antes que estas se concretizem.

As comparações com Quem Quer Ser Um Milionário?, filme que o lançou em Hollywood, são quase automáticas e inevitáveis. Mas enquanto o longa de 2008 era uma espécie de conto de fadas, Lion é algo completamente diferente – uma contemplação sóbria sobre a família, raízes e identidade do lar.

No entanto, pela própria estrutura da trama, era inevitável que em algum instante Saroo envelhecesse e seu intérprete fosse substituído – e o filme enfraquece consideravelmente quando Dev Patel assume o papel. E talvez a sucessão de tentativas de encontrar a família original, depois de tantos anos distante, tenha sido mostrada de maneira não muito clara no filme.

Mesmo estreante como diretor, Garth Davis reconstrói um caso emocionante sem precisar apelar para o sentimentalismo. A preocupação em trazer a realidade é bem clara e tudo é feito na base disso. São em cenas simples que sua direção consegue uma emoção espontânea. Desde a habilidade de nos colocar dentro da cabeça de um garoto de cinco anos quando conhece pela primeira vez a Austrália e encontra seus pais adotivos, até o primeiro contato de Saroo com coisas banais como a televisão ou uma geladeira.

A fotografia é destaque e tanto na Índia como depois, na Austrália, o diretor Greig Frasier consegue enquadrar as magníficas paisagens em toda a sua beleza e glória.

Não há como negar as belas emoções que este filme provoca, nem mesmo permanecer intacto sem derramar uma lágrima no derradeiro final.

Lion, uma jornada para casa foi indicado a seis Oscar, nas categorias de filme, ator coadjuvante com Dev Patel, atriz coadjuvante com Nicole Kidman, roteiro adaptado, direção de fotografia e trilha sonora.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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