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Espetáculo “Venus Ex Libris” em curtíssima temporada na Casa Quintal

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Um homem, uma mulher, o livro “Vênus em Pele” de Masoch, a tela de Ticiano – Vênus ao espelho, dois goles de café e um casaco de pele: elementos de uma mesma cena, figuras de uma possível fantasia. Ele e Ela imersos em um território desconhecido, no limiar da dor e do prazer e, ainda que excitante, revelador de conteúdos obscuros que podem transbordar para além daquela sala de uma grande metrópole em um dia de tempestade.

Idealizada pelos atores Ana Carolina Godoy e Rafael Steinhauser, ‘Venus Ex Libris’ tem na cocriação e direção Luiz Fernando Marques, e conta com a parceria de diversos artistas que ao longo desse processo contribuíram para enriquecer e consolidar esse trabalho: Paulo Arcuri, Tomas Rezende, Lucas Brandão, André Cortez, Daniele Avila Small, Wagner Antônio, Yumi Sakate, Gabi Gonçalves, Marcio Abreu e Jenia Koleskinova.

A dramaturgia foi concebida coletivamente em processo de sala de ensaio a partir do livro de Sacher-Masoch, também livremente inspirada na obra do autor americano David Yves, no filme de mesmo nome, de Roman Polanski, na música “Venus in Furs” de The Velvet Underground, no imaginário de Vênus na pictografia renascentista e no próprio mito de Vênus.

A obra “A Vênus das Peles”, de Leopold von Sacher-Masoch, desde seu lançamento em 1870, se tornou fonte de inspiração para poetas, pintores, dramaturgos, músicos, cineastas, psicólogos, médicos, sociólogos, entre outros. Provavelmente porque o autor nesta novela explicita e radicaliza sua visão conturbada sobre o desejo, envolvendo o leitor numa reflexão inevitável sobre os papéis que representamos no cotidiano, sobre os limites entre fantasia e realidade, sobre a presença subliminar da sedução em todas as relações sociais e sobre o paralelismo entre essas relações e o ato sexual. Com seu desfile de medos, taras, desejos secretos, humilhação e sofrimento – e com o debate que propõe sobre sexo, arte e poder.

“Deslizava furtivamente, como para gozar um prazer proibido, para junto de uma Vênus de gesso que se encontrava na biblioteca do meu pai… Ajoelhei-me frente a ela e abracei os seus pés gelados, como havia visto fazer as aldeãs aos pés do Crucificado… Um desejo ardente e invencível apoderou-se de mim. Pondo-me de joelhos, abracei o seu formoso corpo frio, beijei os seus lábios e pareceu-me que a deusa, com um braço levantado, me ameaçava” (A Vênus das Peles, de Sacher Masoch).

Na peça Venus Ex Libris o poder está no centro da cena. Se por um lado o poder pode significar potência no melhor sentido da palavra e de uma expressão de liberdade e realização individual, por outro se desdobra em domínio, controle, subjugação, exploração, entre tantos outros sinônimos. O livro fala sobre relações de poder e chega até teorizar sobre a impossibilidade de uma relação igualitária e cooperativa entre homens e mulheres – pelo menos até que a mulher de fato passe a ter os mesmos direitos dos homens. Enquanto isso não se realiza, ele faz uma comparação da relação homens e mulheres à teoria de Goethe sobre o martelo e a bigorna: “Na grande balança da fortuna, raramente para o fiel; deves subir ou descer; deves dominar e ganhar, ou perder e servir, deves sofrer ou triunfar; deves ser bigorna ou martelo”.

Fato é que o poder está presente em toda e qualquer tipo de relação em maior ou menor grau e aqui é levado ao extremo através de um jogo erótico. Tanto que o termo médico “masoquismo” foi cunhado a partir do nome do autor da obra, que também mantinha relações semelhantes em sua vida real. Mas aqui não pretendemos fazer nenhum julgamento de valor e tampouco classificar e limitar à experiência que ambos personagens se propõem, fazendo o mesmo que o médico alemão fez com Masoch. Não estamos falando de uma patologia, mas de uma experiência levada a um limite desconhecido.

Sobre o espetáculo, o diretor Luiz Fernando Marques diz: “Talvez [sejam] duas pessoas que desejam ardentemente sentirem- se vivas a partir de uma experiência (aparentemente) transgressora, no mundo em que vivemos hoje, de tamanhas distâncias e impessoalidades. Afinal, a quem pertence o nosso corpo e as nossas escolhas? Ao Estado? À natureza? Quais são os limites entre a liberdade pessoal e a do outro? O que é ser mulher e o que é ser homem hoje? O que define o feminino? O que define o masculino? Perguntas essas que não temos a pretensão de responder, mas sim contribuir para um debate que vêm cada vez mais ganhando espaço atualmente tanto no meio acadêmico, como na mídia, no meio artístico e nas redes sociais. Entretanto, apesar de serem cada vez mais discutidas, permanecem ainda num plano discursivo, sob o território das palavras, também um instrumento de poder e controle. Nesse sentido, o teatro por sua natureza performática, pode dar a oportunidade e a medida da experiência”.

SERVIÇO
Espetáculo “Venus Ex Libris” em curtíssima temporada na Casa Quintal
De 12 a 16 de dezembro de 2018
Quarta a domingo, às 20h – Sessão extra dia 14 de dezembro, às 23h59
Casa Quintal das Artes Cênicas (Rua Silvio Romero, 36 – Lapa / RJ)
INGRESSOS: “pagamento consciente – pague quanto quiser” ao final do espetáculo (valor sugerido R$30,00)
HORÁRIO FUNCIONAMENTO DA BILHETERIA: 1h antes, com distribuição de senhas / não aceita cartão / reservas pelo Sympla (chegar com 30 min antecedência)
Duração: 90 min/ Recomendação: 16 anos/ Capacidade: 40 lugares

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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