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Oscar Araripe oferece Flores para Harvard, 50 anos após ser bolsista na universidade

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Nascido no Rio de Janeiro e radicado em Tiradentes, município histórico de Minas Gerais, no Brasil, Oscar Araripe exporá sua obra em abril próximo, em quatro eventos, sendo três em Cambridge e um em Boston, nos Estados Unidos. A programação, intitulada “Flores para Harvard”, terá início no dia 5, às 10 horas, com a projeção de imagens da obra do autor, denominada O Governo do Poeta ou As 22 Faces da Felicidade, no MIT – Massachusetts Institute of Technology, na Massachusetts Avenue, nº 77, em Cambridge, durante a 5ª Reunião Anual da Brazil Conference.

Nos dias 6 e 7, a partir das 10 horas, haverá exposição de pinturas no Harvard Science Center, na D H1 Oxford St, Cambridge, também dentro da Brazil Conference. No dia 9, será inaugurada mostra dos quadros no Art Studio da Leverett House, uma das residências universitárias de Harvard, que estará aberta à visitação de 10 a 16 de abril, das 10 às 18 horas. Local: DeWolfe Street, nº 28, em Cambridge. Este programa inclui workshop do artista com os alunos de arte residentes, sobre como pintar na tela sintética (vela náutica), uma de suas inovações. Também haverá palestra no formato ping-pong com o empresário brasileiro Peter Rodenbeck, outro antigo aluno de Harvard. O tema será a universidade que ambos conheceram nos anos 1960.

Finalmente, em 18 de abril, das 17h30 às 19h30, no Harvard Club de Boston (Commonwealth Avenue, nº 374, em Boston), haverá leilão da exposição Flores para Harvard, organizado pela Fish Family Foundation, em benefício do MIT Brazilian Program / Massachusetts Institute of Technology (MIT). Toda a programação ao longo do mês contará com a presença do pintor. Será lançado, ainda, catálogo bilíngue alusivo à exposição, com autógrafos e dedicatórias do artista.

A exposição Flores para Harvard, organizada pela Fundação Oscar Araripe, tem a produção de Peter Rodenbeck. Também participam da iniciativa a Leverett House, uma das 12 residências universitárias de Harvard, a Brazil Conference e a Fish Family Foundation.

Oscar Araripe salienta que deve muito à Universidade de Harvard. Lembra que, em 1964, recém-ingresso na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro, foi eleito para a diretoria do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, o famoso CACO, à época um dos mais combativos núcleos universitários mobilizados contra a ditadura. “Meses depois, fui cassado e suspenso das aulas. Sem poder entrar na faculdade, pois corria o risco de ser sequestrado e desaparecer, recebi um convite da Interamerican University Foundation para participar de uma seleção que iria contemplar líderes estudantis com uma bolsa de estudos em Harvard. Lá, participei de um concurso de papers sobre a cultura americana e ganhei uma viagem a Paris”.

Em 1968, em Brasília, Oscar Araripe foi novamente atacado pela ditadura, desta vez como homem do teatro. A peça “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tennessee Williams, em cartaz no Teatro Nacional, foi censurada e proibida. “A atriz Maria Fernanda e eu fomos suspensos de nossos trabalhos por 30 dias. Tal foi a violência da repressão que a classe teatral, diante de nossa punição, fez uma greve, a única do setor em todo o mundo, creio. Pois bem, novamente fui convidado pelos norte-americanos a participar de uma entrevista e ganhei nova bolsa para Harvard”.

O artista enfatiza que, em ambas as oportunidades, sair do Brasil naqueles tempos de chumbo talvez tenha salvado sua vida. “Mas, não só a física. Vocês podem imaginar o que era Harvard nos anos 60. Harvard e Paris, diga-se. Porém, Harvard tinha algo muito especial. Paris havia sido tomada pelas barricadas, mas Harvard estava ensinando não só nas salas de aula, mas também no campus. Era o tempo da luta contra a Guerra do Vietnam, pelos direitos humanos, pelo feminismo, pela liberação do corpo, de contestação do sistema econômico e político, dos costumes, da experimentação das drogas e de novas artes”.

Oscar Araripe observa ter ficado particularmente impressionado com o Fogg Museum, para ele a maior beleza da universidade. “E ali vi, ao vivo e pela primeira vez, aos vinte e poucos anos, os grandes mestres da pintura universal, e isso me fez pintor para sempre. Harvard também me mandou para Paris. Fui ao Louvre e dali jamais saí”.

Oscar Araripe revela que a ideia da exposição Flores para Harvard surgiu quando recebeu a visita, em seu estúdio em Tiradentes, de Peter Rodenbeck. “Pessoa muito sensível, lenda viva do empresariado brasileiro, de quem fiquei amigo de pronto. Conversa vai, conversa vem, ele me revelou que havia estudado em Harvard. E logo pensamos em expor minha pintura e fazermos uma palestra sobre a rica universidade que conhecemos. E começamos a trabalhar”.

A ideia contou com o apoio da Brazil Conference at Harvard and MIT, comunidade de estudantes brasileiros. Seu co-presidente, Pedro Luís Cunha Farias, ressalta que o evento, em sua quinta edição, sempre busca novas maneiras de unir o conhecimento gerado nas universidades da região de Boston com o Brasil. “Objetivo é realizar nossa missão de estabelecer um espaço plural para o debate e a criação de ideias sobre o futuro de nosso país, unindo o maior número possível de brasileiros e brasileiras, incluindo a grande comunidade residente em Boston”. É nesse contexto que se insere a exposição Flores para Harvard.

Durante toda a programação em abril, Oscar Araripe ficará hospedado na Leverett House, cujos chanceleres, Brian Farrell e Irina Ferreras, destacam: “Temos o prazer de apresentar a exposição de pinturas de Oscar Araripe e de hospedá-lo como Artista-Visitante-em-Residência em nossa casa. Nosso objetivo é incrementar as relações culturais entre a Leverett House e a comunidade de professores e alunos de Harvard. A volta de Oscar Araripe à universidade, com suas pinturas, traz o extraordinário sentido de riqueza do Brasil ao nosso ambiente de Cambridge”.

“Minhas flores são flores que não são flores, em vasos que não são vasos, sobre toalhas que não são toalhas. Às vezes, são visitadas por borboletas, que nem são borboletas. São flores alegres, silenciosas, e que gritam: fora da arte não há solução, ela que a tudo redime e dá direção. A cor é a bondade da flor. Síntese: fazer de tudo, de tudo fazer; para depois só flores pintar. Pinto para que tudo vire pintura”.

As palavras do próprio artista são a melhor definição de sua obra, permeada de criatividade e inovação, inclusive no processo produtivo. Oscar Araripe é o inventor do “Pessoalismo” ou da “New fine art”, que consiste na afirmação do universo da pessoa do artista e se propõe a reanimar as belas artes, inovando e reafirmando seus valores eternos. Ele introduziu na pintura a vela náutica (dracon poliester) como suporte (1984), que, além de mais resistente, ao contrário da tela de algodão ou linho, não permite o desenvolvimento de fungos, nem o craquelê. Por ser sintética, harmoniza-se perfeitamente com as tintas sintéticas. Introduziu, ainda, o film laser (como substituto do papel vegetal) e desenvolveu técnicas próprias, como as transparências obtidas pelas pinturas por trás dos suportes, o uso dos markers e da aquarela acrílica.

Tais inovações permitiram-lhe, inclusive, expor permanentemente grandes telas ao ar livre, com estruturas de ferro como moldura. Sua obra “Extinção Nunca Mais”, por exemplo, presente na Conferência das Nações Unidas Eco-92, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil, teve público de dois milhões de pessoas.

Oscar Araripe formou-se em 1968 pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, na qual foi eleito para o Diretório do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO). Militou na Ação Popular (AP). Punido três vezes nos quatro primeiros anos da ditadura, foi anistiado pelo Governo do Brasil em 2012. Foi bolsista na Universidade de Harvard em 1966 e 1968 e na Universidade Pro-Deo, de Roma, Itália, em 1969.

Jornalista cultural no Correio da Manhã, Jornal do Brasil e Última Hora, escreveu o ensaio China, o Pragmatismo Possível (1974), alcançando grande sucesso de público e crítica. Editou, com Augusto Rodrigues, o jornal Arte e Educação. É membro fundador da INSEA (Sociedade Internacional de Educação Através da Arte), autor da trilogia literária Maria, Marta e Eu. Sua obra foi analisada por Antônio Houaiss, Eduardo Portela e José Paulo Moreira da Fonseca.

Jacob Klintowitz, um dos mais conceituados críticos e editores de arte do Brasil, observa: “É possível que a formação renascentista de Oscar Araripe tenha contribuído para a construção do universo de sua obra, já que no seu percurso pessoal ele foi e é escritor, jornalista, jurista, político e pintor. E que tenha como conceito da função do artista encontrar o pessoalismo, uma aventura em busca da identidade única do ser. O resultado, para nós, é a criação de um universo onde todas as coisas são harmônicas e no qual, de maneira permanente, podemos encontrar o mistério e a plenitude”.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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