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Mónica Lairana aborda com singularidade o drama da separação

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Um casal tenta fazer sexo, igual a qualquer outro casal, e falha como qualquer outro. A tentativa é um paliativo, um meio de tentar evitar o inevitável, ou ao menos esquece-lo. Qual é o papel do sexo dentro de uma relação? Qual o lugar do sexo entre duas pessoas que, apesar de se amarem, não são mais capazes de ficarem juntas. Assim, Mabel (Sandra Sandrini) e Jorge (Alejo Mango), esboçam sua desesperança, desespero, frustração, e até carinho durante o processo de divórcio, depois de anos de casamento.

Em A Cama,  a diretora Mónica Lairana aborda de maneira singular e bem autoral a crise conjugal.  O principal é a humanidade entre relacionamentos, como é duro criar uma relação duradoura, e mesmo assim, pode dar errada em algum momento. Os dois personagens são um tipo de amálgama do típico casamento em crise.

Enquanto Mabel é vaidosa, obstinada, cuidadosa e romântica. Jorge é folgado e preguiçoso, até atrapalhado, ao mesmo tempo, ele consegue ser carinhoso. São personagens reais interpretados brilhantemente por  Sandra e Alejo, ambos realizam bem seu trabalho.

A obra tem um ritmo lento, monótono até, servindo para mostrar como um relacionamento tão longo não pode acabar tão de forma rápida. A câmera toma um papel de espectador, se mantendo parada, olhando através de janelas ou de portas entreabertas. A ausência das falas remete a vida cotidiana, o silêncio tem papel fundamental nessa obra, cuja trama se desenrola com ele sendo seu principal protagonista.

O cenário e a direção de arte remetem a casas bem dos anos entre 1970 e 1990 da América Latina, com várias coisas de porcelana, ou coisas inúteis mesmo que se acumulam com o tempo, representando também a passagem de tempo pelo qual os personagens passaram juntos.

Um fato que causa certo incômodo durante o filme é que em muitas cenas ambos os personagens estão nus. E tal desconforto se deve ao fato deles não terem corpos esculturais dignos de deuses gregos, mas pelos em excesso, pele flácida e rugas. Todo esse simbolismo tem significado avassalador dentro da relação, Mónica Lairana faz de A Cama, um filme riquíssimo de detalhes sobressaltados sobre uma relação em crise.

 

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