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Eriberto Leão, Isio Ghelman e Vannessa Gerbelli protagonizam peça “Fim de Caso”

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O produtor, diretor e ator Felipe Lima (que recentemente viabilizou a bem-sucedida montagem de Dogville, dirigida por Zé Henrique de Paula) idealiza a primeira versão teatral para o romance Fim de Caso, do inglês Graham Greene (1904-1991), com direção de Guilherme Piva e adaptação de Thereza Falcão. A peça estreia no dia 30 de agosto no Teatro Oi Futuro Flamengo, no Rio de Janeiro, e segue em cartaz até 17 de novembro.

O espetáculo mescla artes visuais, música, teatro e vídeo para contar os dois pontos de vista envolvidos no relacionamento e na separação de um casal. Considerado obra-prima de Greene, o romance foi publicado pela primeira vez em 1951, traduzido em 25 idiomas e adaptado para o cinema pelo diretor Neil Jordan, em 1999.

“A peça surgiu de uma conversa com a Thereza Falcão, autora da adaptação de Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, para o teatro, idealizado por mim em 2016. Falamos de projetos futuros e da possibilidade de trabalharmos novamente juntos e ela comentou sobre o livro do Graham Greene, cujos direitos havia tentado comprar anteriormente em parceria com o Guilherme Piva. Comprei o livro e me apaixonei pela história, pelas reflexões que ela propunha e em especial pela ideia de trabalhar novamente com a Thereza e pela primeira vez com o Guilherme Piva. Duas semanas depois, compramos os direitos”, conta o idealizador Felipe Lima.

Transpor a peça para o teatro sem perder a grandiosidade da obra original é a maior dificuldade no trabalho de adaptação, conta Thereza Falcão. “O texto de Graham Greene é repleto de imagens e frases belíssimas. Como não é possível levar quase 300 páginas para o palco literariamente, escolhemos contar apenas a história do triângulo amoroso formado por Bendrix, Sarah e Henry, excluindo as demais personagens do livro. Meu maior interesse sempre foi falar dessa história de amor. De como interpretamos situações a partir do ciúme e do medo da perda. Da maneira como, muitas vezes, reduzimos a pessoa amada à nossa estreita visão e conceito. De como a sufocamos, sem perceber, e o quanto a pessoa amada é capaz de suportar essa prisão. E das renúncias que somos capazes de fazer por um grande amor”, comenta.

Na trama, Maurice Bendrix (Eriberto Leão) ficou completamente sem chão depois que sua parceira Sarah Miles (Vannessa Gerbelli) terminou o caso extra-conjugal que mantinha com ele há mais de dois anos. A relação chegou ao fim sem qualquer explicação, depois que eles passaram juntos algumas horas da tarde no quarto que ele alugava em uma pensão. Se ela o amava verdadeiramente, o que a teria motivado a largá-lo? Não deveria o amor ser motivo suficiente para que continuassem juntos? A impossibilidade de encontrar respostas para essas questões e a confissão de Sarah de ter mantido outros casos extra-conjugais ao longo de seu atual casamento com Henry (Isio Ghelman), faz Maurice pensar que ela certamente o teria deixado por uma terceira pessoa.

 A encenação procura expandir uma linguagem desenvolvida por Thereza Falcão e Guilherme Piva desde 2007, quando eles adaptaram juntos o romance A Mulher Que Escreveu a Bíblia, de Moacyr Scliar. “Trabalhamos com formas de narrativas contemporâneas que quebram a dramaturgia, misturando os narradores em 1ª e 3ª pessoas, os tempos e as dimensões espaciais. Agora que temos três atores em cena esse aprofundamento da linguagem é muito maior. As múltiplas narrativas se entrelaçam e criam novas dimensões. Às vezes, as pessoas podem até pensar que os personagens estão em tempos diferentes. Passamos por um ambiente onírico, mas o que apresentamos mesmo para o espectador é um teatro multisensorial. Gostaríamos de fazê-lo sentir o que os personagens estão sentindo naquele momento”, explica o diretor Guilherme Piva.

Essa linguagem específica também está fortemente conectada à cenografia, aos figurinos, à iluminação e à trilha sonora. Em cena, segundo Piva, alguns objetos e até mesmo os espaços do palco vão ganhando novos significados durante toda a trama, de acordo com a narração de cada personagem desse triângulo amoroso. Ao fundo, existem grandes janelas de vidro, onde são projetadas imagens que nem sempre têm uma história lógica, representando os sentimentos e estados emocionais dos personagens. A trilha sonora também serve para marcar climas e tensões. Já os figurinos, criados por Fábio Namatame, são sobreposições de peças, como casaco, cachecol, vestido e outros adereços – e não há trocas de roupa.

O espetáculo cria uma reflexão sobre o lado sombrio e sabotador dos relacionamentos. “Estamos motivados a falar dos relacionamentos afetivos sexuais, porque eles nos permitem expor e revelar o ser humano. Há sempre dois lados: o amor e o ódio, o desejo e o medo, a luz e a sombra. O livro retrata muito isso, mas nós quisemos pegar o lado da sombra dos sentimentos – da raiva, do ciúme e da posse – que são as contradições que temos. Quanto mais o homem deseja a parceira, mais acaba a afastando”, revela.

“Como grande obra literária que é, Fim de Caso aborda uma gama gigantesca de questões e permite que passemos horas conversando sobre as inúmeras formas de interpretar as escolhas e a trajetória dos personagens. O que mais me instiga nessa história, mais do que os temas do amor, dos casos extraconjugais, da infidelidade e a da lealdade, é discutir o poder das nossas crenças (sejam elas sobrenaturais ou não) e o impacto que estas têm na nossa vida, nas nossas escolhas e na nossa trajetória”, acrescenta Felipe Lima.

Serviço:
“FIM DE CASO”
Temporada: De 30 de agosto a 17 de novembro. De sexta a domingo, às 20h.
Teatro Oi Futuro Flamengo
Duração: 1h15 minutos. Classificação: 14 anos

Foto: Ale Catan

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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