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UM HOMEM SÉRIO

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Dos mesmos diretores e roteiristas de  “Queime depois de ler”  e ” Onde os Fracos não Têm Vez” , Um Homem Sério é uma aula de desenvolvimento de roteiro e um filme que fala de muita coisa, mesmo que, aparentemente, seja sobre nada.

No 14º longa-metragem da dupla, o absurdo, o bizarro e o estranho são os principais sentimentos que guiam a história da família Gopnik, liderada pelo professor de física Larry (Michael Stuhlbarg), acompanhado de sua mulher Judith (Sari Lennick), o filho maconheiro (Aaron Wolf), a filha fútil (Jessica McManus), o irmão problemático (Richard Kind) e o amante da sua esposa, Sy (Fred Melamed).

Ele não sabe o que passa em sua vida, enquanto nós, que assistimos ao filme, não sabemos as razões das mudanças. Elas simplesmente acontecem e temos de encará-las. Isso é um dos méritos do filme (que ao mesmo tempo pode afastar quem não entrou nele): Joel e Ethan Coen respondem à tradição do cinema clássico norte-americano de dar respostas a tudo, explicar e amarrar todas as pontas do roteiro com um final anti-resposta. Afinal, a vida de Larry e da comunidade judaica continua, e podemos construí-la nas nossas cabeças, depois do filme.
A beleza do filme é perceber que, depois de 105 minutos procurando respostas ou explicações lógicas para as questões dos personagens, é um filme sobre o imprevisível e o sério da vida. Um ensaio sobre como seguir quando um mundo que parecia perfeito desmorona.
Ao embaralhar causas e conseqüências, os Coen conseguem impor ao seu protagonista um dilema ético puro, dependendo do caminho escolhido por Larry, pode vir um castigo definitivo, ou não. É diante de crises assim que homens tremem, não importa o credo.
Um filme que foge ao comum, ao esperado, ao monótono. Recomendo a todos que buscam no cinema não um “final feliz” ou uma nova roupagem às velhas histórias. Magnífico!Mas ainda assim a pergunta é: se fosse exatamente o mesmo filme, só que na assinatura de direção e roteiro estivessem autores não conhecidos do público, alguém acharia esse filme minimamente suportável? Alguém encararia como hilária e sarcástica o estereotipo do judeu, ou simplesmente clichê?

O filme recebeu duas indicações ao Oscar deste ano nas categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro Original.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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