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A RECOMPENSA POR FILIPPO PITANGA

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A Recompensa”, novo filme do diretor Richard Shepard (de “O Matador” e “A Caçada”) pode ser interpretado como um cabo-de-força, o qual, apesar de conter várias falhas na tênue corda quase a arrebentar pra um lado ou pro outro, ainda assim resiste pelo carisma. Grande parte desta duplicidade advém da faca de dois gumes na interpretação titânica de Jude Law como o personagem título no original, Dom Hemingway – bem mais apropriado, já que a personagem dele engole 90% do filme, para o bem ou para o mal.
Isto porque, não obstante Law estar bem caracterizado e se assentar à proposta do filme, que é em si de exageros (de estética multicolorida ao conteúdo verborrágico e agressivo), ainda assim o roteiro contém pontos interessantes o bastante que não mereciam às vezes ser pisoteados sem perdão pelo show solo da efervescência intencional de seu protagonista. 

Bem, em parte justifica-se: o digníssimo Dom (abreviação inteligente de Domingo Hemingway) é um ladrão que se auto-intitula o melhor arrombador de cofre que já existiu – quando na verdade ele não é “porcaria nenhuma” e não cai na real (o que faz parte da graça) – e a tal “recompensa” do título reducionista em português, quer dizer o prêmio que ele reivindica do chefão da máfia, pra quem ele foi fiel não entregando seus cúmplices antes de ir pra cadeia por 12 anos. O custo da lealdade foi não poder ter ajudado a esposa que faleceu de câncer e nem ver a filha crescer.
Não se deixa aqui de reconhecer as láureas do desafio à própria carreira que significou este papel grosseiro e megalômano para o galã Jude Law, os inventivos ângulos de câmera (como a cena dos 3 quadros de macacos), a trilha (como o acidente ao som do irônico mix de Motörhead e Nessum Dorma) além da Direção de arte (inegavelmente Tarantiana, já que é um filme SOBRE violência, não necessariamente um filme muito violento). Mas o que salva o filme de só ter emulado filmes policiais espertinhos como “Snatch” e “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, ambos de Guy Ritchie, ou “Lawyer Cake” de Matthew Vaughn, na verdade, são justamente as quebras de expectativa do roteiro que a grandiloquência de Law às vezes quase rouba indevidamente. 
 
A 1ª terça parte cresce uma tensão muito boa e desenfreada até ser quebrada! Literalmente!  Isto porque é um filme “com” criminosos e não “sobre” criminosos, já que apela para a vida normal deles (como a parte mais fraca que desanda o ritmo, centrada na filha mal encaixada, porém bem defendida pela famosa intérprete de Daenerys de “Games of Thrones”, Emilia Clarke, onde a danadinha ainda revela ter boa voz!).
Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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