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BOI NEON

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Por Rômulo de Sá Pereira
Iremar (Juliano Cazarré) é um peão e trabalha com vaquejadas. Ele e seus companheiros de trabalho cuidam dos bois que são as principais estrelas das competições espalhadas por todo o Nordeste brasileiro. Ao mesmo tempo em que leva uma vida nômade, dormindo na traseira do caminhão que transporta os animais, Iremar almeja ser um costureiro. Ele desenha seus vestidos em papéis improvisados, monta seu manequim a partir de partes jogadas fora e tem em Galega (Maeve Jinkings), a motorista do caminhão, sua grande modelo.
O personagem de Cazarré é a representação de um novo Brasil, principalmente de um novo Nordeste. Um país que, aos poucos, se dá o direito de sonhar. Ele recolhe retalhos pelo chão e os cabelos dos rabos dos bois para poder costurar. Além disso, reclama de sua máquina, que dá pau a toda hora. Por outro lado, apesar das dificuldades, Iremar pode, às vezes, ir a um shopping de beira de estrada comprar tecido para uma nova criação ou “se dar o luxo” de um perfume novo. O mesmo vale para alguns outros personagens. Galega e Júnior (Vinícius de Oliveira) não abrem mão de suas vaidades. A primeira compra calcinhas fio dental com bordados. Já o segundo, inicia todas suas manhãs alisando os longos cabelos com sua chapinha.
Mas se enganará quem pensar que Boi Neon é um filme celebração. O longa, segundo de ficção do diretor e roteirista Gabriel Mascaro (de “Ventos de Agosto” e do documentário “Domésticas”), faz questão de sutilmente enfatizar que ainda vivemos em um país de ambiguidades. O mesmo peão que sonha e traça pequenos objetivos tem o mesmo valor para seus patrões do que a bosta dos animais que é pago para cuidar. E é aí que entra a pequena Cacá (Alyne Santana), filha de Galega. Criada por sua mãe no meio dos homens e prestes a entrar na puberdade, a menina representa o futuro incerto. Ela pode tanto criar e alcançar seus objetivos (existentes em Iremar, mas incrivelmente distantes) quanto se tornar mais uma peça da engrenagem que toca as vaquejadas.
Boi Neon ganhou no Festival do Rio os prêmios de Melhor Filme, de acordo com o júri especializado, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (para o mexicano Diego García) e Melhor Atriz Coadjuvante (Alyne Santana). Venceu também o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza de 2015 .
 
 
Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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