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Cegonhas: A História Que Não Te Contaram

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cegonhasCansado de se sentir sozinho, já que parece impossível conseguir sequer 5 minutos da atenção dos pais, Nando resolve que quer um irmão. Parece absurdo que nos dias de hoje alguém diga a uma criança que os bebês vêm trazidos pelas cegonhas. No mundo dos celulares, internet e informação instantânea isso parece distante e fica muito bem registrado quando ao perguntar aos pais de onde ele vem, o menino é recebido por entre espanto e risadas e recebe, de forma muito natural, a resposta que as cegonhas não entregam mais bebês porque existem outras formas de consegui-los. De forma persistente, Nando recorre ao sótão, lugar das lembranças e do passado, muitas vezes, esquecido, onde encontra um folheto que o urge a escrever uma carta. E, assim, escreve na esperança de conseguir um irmão e desencadeia uma série de acontecimentos que transformam a vida dos personagens. Tulipa e Junior se juntam para entregar o bebê, que é a dose certa de fofura do filme, e acaba virando um cômico road trip cheio de ação, o que dá um excelente ritmo à trama recheada de pequenos simbolismos que questionam a estrutura da família tradicional, os papeis representados por cada um e levantam outra pergunta muito relevante nos dias de hoje: O que constitui uma família?

Uma das cenas iniciais explica a mudança do ramo de trabalho das cegonhas. A cena parece somente engraçada, mas chama a atenção para um tema muito revelante nos tempos atuais, e que afeta de maneira até desastrosa, muitos países: o fato das pessoas não quererem mais ter filhos. Nessa cena, os bebês são substituídos por celulares, grande símbolo do individualismo nos tempos atuais. E assim, de maneira sútil, Cegonhas começa a dar o seu recado. Por que você quer ser chefe? Uma pergunta aparentemente simples que perpassam o filme, carregando diversos questionamentos e simbolismos sobre as escolhas da vida moderna.

A entrega de bebês pelas cegonhas parece representar muito bem o passado, ao mesmo tempo em que passeia por alguns conceitos da atualidade. A história divide o foco, a princípio, em dois personagens que em muito se assemelham. Uma cegonha workahoolic, muito bem sucedida, atingindo um milhão de entregas, e um menino muito inteligente, filho único da familia Jardim, assim como a cegonha, muito bem sucedidos no seu próprio negócio imobiliário. Porém, tanto a cegonha, Junior, quanto o menino, Nando, são solitários reféns de uma vida de sucesso profissional.

A Órfã Tulipa (Tess Amorim), personagem indiretamente responsável pelo fim das entregas de bebês, representa o que seria uma grande fraqueza para o mundo corporativo: o amor. O difícil trabalho de entregar bebês foi substituído pelas entregas de produtos quando a cegonha responsável por entregar a bebê Tulipa se apaixonou por ela, assim enlouquecendo, o que ocasionou a quebra de seu localizador impedindo que ela fosse entregue a sua família.

Tulipa vive esquecida entre estoques de produtos no grande galpão de entregas e é considerada um grande estorvo pelo chefe da empresa que planeja se livrar dela, usando Junior, que busca um objetivo na vida e aceitação na ideia de se tornar chefe, e quem sabe, fazer enfim parte de algo. A personagem de Tulipa é um símbolo das relações pessoais, do cuidado com o outro e da busca por sonhos em meio à frieza do mundo dos negócios que busca exclusivamente a produção e o lucro.

Um filme que critica sutilmente algumas mudanças trazidas pela modernidade e nos faz pensar sobre o que é realmente importante. Será que estamos buscando as coisas certas? As transformações pelas quais passa a família Jardim à medida que o filme se desenrola parecem deixar claro o ponto de vista dos cineastas envolvidos. O longa é um grande acerto da Warner e possui um desfecho emocionante, capaz de levar muitas pessoas às lágrimas.

Além de divertido e repleto de lindas cenas em que acompanhamos o voo das cegonhas e a trajetórias dos personagens na tentativa de entregar o fofinho bebê Jardim que nos encanta com suas carinhas e barulhinhos, Cegonhas vai muito além do tempo de exibição e nos acompanha enquanto refletimos sobre os caminhos que seguimos na vida atual. Quais são nossas prioridades? O que buscamos da vida? O filme se despede enquanto casais dos mais diversos tipos e origens vão surgindo na tela e famílias das mais diversas formas nos são apresentadas com uma linda e surpreendente mensagem de diversidade e inclusão.

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