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No Final do Túnel

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no-fim-do-tunelDesde a primeira cena, alguns elementos, como apresentação de créditos e movimentação de câmera, me fizeram lembrar imediatamente de O Quarto do Pânico (2002), de David Fincher. Mas o terceiro longa de Rodrigo Grande tem várias camadas e desdobramentos. É mais do que mera atualização argentina tanto de Fincher quanto de Hitchcock ou Tarantino, com quem também já foi comparado.

Não, Ricardo Darín não encabeça o elenco, mas Leonardo Sbaraglia (em outra excelente atuação após O silêncio do céu) é um dos principais responsáveis por No fim do túnel ser um filmaço arrebatador. Joaquín é um cadeirante que vive recluso num casarão com seu cachorro doente. Mas esta solidão logo acaba. Berta (Clara Lago) e Betty (Uma Salduende), mãe e filha, aparecem para alugar um quarto e, antes que ele dê alguma resposta, elas se mudam e se acomodam na casa. O filme, assim como o relacionamento que esse trio forma, é tudo menos óbvio. Não vou entregar os tais spoilers. Só digo uma coisa: Berta e Betty não entraram ali à toa.

Paralelo a isso, Joaquín encontra outra preocupação que começa como simples curiosidade. Do seu porão, onde trabalha com computadores e parafernálias eletrônicas, ele percebe que está acontecendo alguma coisa na casa ao lado. Para descobrir o que é, desenvolve umas gambiarras e, como um MacGyver paralímpico, passa a espionar a casa ao lado. Para surpresa de todos, inclusive de Joaquín, ele assiste à preparação para um grande roubo. E precisa decidir o que fazer com essa informação.

Qualquer semelhança com Janela indiscreta (1954), do mestre Hitchcock, não pode ser coincidência. O filme de Rodrigo Grande é excelente por vários motivos: ele maneja bem as influências de grandes diretores; o filme começa aparentemente despretensioso – uma noite chuvosa, um cão doente, uma solidão, uma curiosidade, duas inquilinas – e cresce espantosamente; o filme torna-se gradativamente violento, com altas doses de suspense, ação e drama, e um fino humor nem sempre negro que atravessa e culmina no grand finale. Esta não é mais uma história de roubo a banco, mas também é. E está longe de ser uma imitação ordinária de clássicos da história do cinema.

Direção, roteiro redondinho (também de Rodrigo Grande), fotografia e arte, trilha sonora, atuações e um desfecho eletrizante – tudo impecável. Mais do que recomendado.

No fim do túnel é cinema argentino no seu melhor.

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