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Doze anos depois, finalmente Samara volta à atacar em “O Chamado 3”

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o chamado 3Nos últimos anos o cinema de terror recebeu um revigoramento necessário. O gênero que antes vinha sendo dominado por títulos pasteurizados, sem identidade, qualidade, e com sequências desenfreadas, viu em novos nomes que surgiram, um fortalecimento e reconstrução que o salvaram do desgaste.

Alguns títulos que aportaram nas telonas nos últimos cinco anos, podem até ser considerados obras primas. Uns reinventaram o gênero e buscaram um significado mais complexo e psicológico, por vezes até crítico. Outros não reinventaram a roda em si, mas apresentaram uma qualidade técnica e narrativa superiores, com total destreza na construção do suspense. Esses são os casos de títulos como : “A Bruxa”, “Boa Noite Mamãe”, “A Corrente do Mal”, a franquia “Invocação do Mal”, “A Morte do Demônio” e “O Homem das Trevas”.

Mas antes dessa evolução do gênero, alguns títulos esporádicos conseguiam trazer algo novo e dar algum folego ao terror. Esse foi o caso de “O Chamado” de Gore Verbinski, e estrelado pela então desconhecida Naomi Watts.

Responsável pela ascensão da carreira de Verbinski e Watts, o filme se trata de um remake de “Ringu”, terror japonês. Um dos casos raros aonde o original é pior que sua refilmagem, já que o japonês aposta apenas no susto de forma mais grosseira, e o americano é mais cinematográfico, e sabe construir uma figura antológica em torno de Samara.

Com o tremendo sucesso de crítica e público de “O Chamado”, outros títulos japoneses receberam remakes, mas nenhum tão bem sucedido. E como funciona a fábrica de filmes de Hollywood, se fez dinheiro recebe uma sequência. Então apenas quatro anos depois estreou o insosso “O Chamado 2”.

Doze anos depois, finalmente Samara volta à atacar em “O Chamado 3”, mais uma sequência, mas ao mesmo tempo um tipo de estaca zero. Inclusive inicialmente iria se chamar “Chamados”, na tentativa de não se caracterizar como um terceiro capitulo da franquia no intuito de renovar e promover uma nova saga.

É louvável o retorno da personagem e o estilo de filme que “O Chamado” é responsável, uma mistura de sustos e investigação sobrenatural com diversas reviravoltas ao longo, mas nesse terceiro título, isso não funciona.

Tudo já começa muito mal. A primeira, e desnecessária cena é medonha, mas não de susto, e sim de qualidade. Mal feita, sem nexo e com diálogos expositivos que causam risos não intencionais, mais se assemelha à uma introdução de outra franquia, “Premonição”.

E como se não bastasse, o filme não possui uma única introdução, e sim três. Todas descabidas e mal construídas, repletas de diálogos preguiçosos. A terceira “introdução” que tenta estabelecer a relação do feliz casal, aparentemente saído de comercial de margarina , é piegas e rasa.

Ao longo da projeção, soa como uma mistura sem liga de caráteres ultrapassados do gênero, como protagonistas lindos, “virgens” e ingênuos , com situações e tons dos novos filmes do terror. Alguns até parecem cópias mal feitas de “Corrente do Mal”, no caso da propagação da maldição para outra pessoa com o intuito de se salvar, o que já tinha sido superficialmente apresentados no primeiro filme, mas não tão explicitamente.

E o personagem cego, aqui interpretado por Vicent D`Onofrio, ótimo ator, mas mal aproveitado em um personagem mal desenvolvido, que se assemelha muito com o protagonista de “Um Homem nas Trevas”.

O roteiro descabido parece inicialmente apresentar uma trama de pessoas que montam um sistema para tentar se livrar da maldição, liderados por um professor cientifico (Johnny Galecki). Oras de caráter duvidoso e ambicioso, que podia ter sido muito melhor explorado, já que ele quer provar a existência da alma e da vida após morte, um fator que poderia ter rendido um desenvolvimento interessante, mas o preguiçoso roteiro não consegue nem sustentar essas características, e logo em seguida o constrói como um potencial herói.

Já do meio para o fim, o filme se transforma em uma trama de investigação. Essa mudança de tom é sentida e prejudica ainda mais o andamento do filme, além de abandonar elementos que antes eram interessantes.

Mas mesmo com os inúmeros problemas e furos de roteiro, a boa direção de F.Javier Gutiérrez, estabelece tensão ao logo de todo filme e constrói bem cenas vitais, aonde usa com sabedoria a fotografia, trilha e efeitos especiais, que são os grandes acertos do filme.

Outro grande acerto, foi a escolha da desconhecida Matilda Lutz, que dá credibilidade e segura bem o filme, mesmo com uma personagem sem grandes motivações.

“O Chamado 3” encerra com gancho para uma futura continuação, e outras sequencias sem fim, caso dê dinheiro.

Deve atrair grande público, e até agradar à maioria, mas é apenas mais um filme medíocre do gênero, e que deve ser esquecido logo em breve.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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