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“Além da ilusão” transpõe aspecto antropológico à revolução digital de Rebecca Zlotowski

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Paris, fim da década de 1930. Kate e Laura Barlow, duas jovens médiuns americanas, estão terminando sua turnê mundial. Especialistas em comunicação com os mortos, as irmãs são bem menos jeitosas para lidar com os vivos. Fascinado pelo dom das garotas, André Korben, um poderoso produtor de cinema francês, decide contratá-las para um projeto ambicioso. No turbilhão das novas experiências e sentimentos, o grupo prenuncia, sem se dar conta, um período sombrio que abalará todo o continente europeu muito em breve.

Da Paris cosmopolita, onde intelectuais de toda a Europa se encontravam ao período pré-guerra, “Além da ilusão” é uma noção apavorante através dos olhos de uma estrangeira do grande declínio (em todos os níveis) moral, religioso e político. Assim, o filme traz a concepção coletiva dos anos 30 que parece contemporânea na superfície, porém com um grande eco na sociedade. Através de uma narrativa poderosa e uma atmosfera extremamente evocada e acuada nas mãos das atrizes Natalie Portman e Lily-Rose Depp.

O filme consegue fazer um belo trabalho de transposição através da profunda desconfiança nas imagens pelo aspecto antropológico à revolução digital. Tudo pode ser um sonho, uma aparição. Seguindo a escola de pensamento da diretora que constrói uma narrativa a serviço da náusea, onde os artifícios criam a realidade junto com o trabalho extremamente meticuloso dos cenários e nos figurinos.

Fantasmas, espectros, sessões, o vocabulário do filme é completamente evocativo. O Espiritualismo colocado em cena foi inspirado nas irmãs Fox, três irmãs norte-americanas médiuns do fim do século XIX, que tiveram um papel importante no Espiritualismo, precursor do Espiritismo. O sucesso delas foi considerável e elas deram origem a uma doutrina que prosperaria com milhares de seguidores no mundo todo, chegando aos círculos intelectuais europeus.

O produtor mencionado no filme, é inspirado em Bernard Natan que produziu filmes franceses durante uma década importante para o cinema, trouxe filmes sonoros para a França e teve uma influência duradoura na produção francesa. De origem romena, cidadão francês naturalizado e Croix de Guerre, começou do zero, mas foi vítima de uma campanha antissemita. Foi retirado de seu posto, destituído de sua nacionalidade francesa e enviado para Auschwitz pelas autoridades francesas via Drancy.

A diretora, Rebecca Zlotowski, usa o cinema como uma ferramenta de justiça, mas não com uma cinebiografia, tudo ou quase tudo, é ficcional.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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