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Peça de Artur Azevedo ganha itinerância gratuita com montagem do projeto Passageiro do Futuro

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Há seis meses, 60 alunos de 14 a 21 anos participam das oficinas de interpretação, corpo e voz, figurino, sonorização, cenário e caracterização da 20ª edição do projeto Passageiro do Futuro, atualmente em seu terceiro ano consecutivo no bairro do Caju. O resultado de mais de 300 horas de carga horária poderá ser conferido entre os dias 1º e 16 de dezembro, quando um dos clássicos da dramaturgia brasileira – O Mambembe, de Artur Azevedo (1855-1908) – percorrerá nove espaços culturais da cidade, como o Teatro Ipanema, Centro Cultural Parque das Ruínas, Teatro Ziembinski e Arena Jovelina Pérola Negra, em apresentações gratuitas.

Ministradas por professores de instituições como UniRio e UERJ, as oficinas incluíram a leitura de textos teatrais, entre clássicos e contemporâneos, adultos e infantis, para que os estudantes pudessem não apenas entrar em contato com o universo dramatúrgico como escolher o texto da peça a ser encenada. Juliana frisa a importância da apropriação de toda a montagem pelos alunos: “Este ano, eles ficaram entre um clássico (O Mambembe) e um contemporâneo (Confissões de Adolescente) mas optaram pelo primeiro, pois se encantaram com a linguagem do início do século passado e pela história que, com humor, fala de uma situação tão atual, como a dificuldade de se viver da arte”, explica.

Sátira de costumes escrita por Artur Azevedo e José Piza em 1904, O Mambembe conta a história, bastante atual, das agruras enfrentadas por um grupo mambembe de teatro para sobreviver de sua arte. Liderada por Frazão, ator fracassado que decide se tornar empresário, a trupe enfrenta toda sorte de situações, como se submeter aos caprichos do coronel Pantaleão, político corrupto que se interessa pela jovem Laudelina, estrela da companhia.

Diretor do espetáculo, o professor de Interpretação Walney Gomes adaptou o texto e suprimiu alguns dos 35 personagens: “Fizemos alterações pontuais, cortando personagens que tinham participação mínima na trama”, explica. “Essa peça traz ainda a possibilidade de se explorar a teatralidade, o burlesco, o tom mais exagerado da commedia dell’arte”, completa Adriana Seiffert, professora das oficinas de Corpo e Voz. “Houve uma conexão muito grande, de amizade e irmandade entre as turmas, que pesou também na escolha do texto, que traz essa questão de um grupo de teatro sem recursos, unidos na adversidade”, completa.

A tarefa de criar figurinos para 27 personagens exigiu criatividade e muita pesquisa dos alunos, como explica Lidiane Trindade: “Partindo do vestuário da época, pensamos na personalidade de cada personagem para, então, ir atrás de peças em nosso acervo ou em brechós. A etapa seguinte é a customização, colocando ou retirando elementos, incluindo acessórios como luvas e chapéus. Tudo isso em função das medidas dos atores, que também opinam quanto ao conforto e a liberdade de movimento”.

Além das oficinas, com carga horária de 14 horas semanais, o curso incluiu ainda palestras e visitas guiadas a espaços culturais como o Museu Histórico Nacional e o CCBB, onde os alunos assistiram a peças e exposições. “A ideia é que seja um projeto completo, que melhore a vida desses jovens. Fazemos acompanhamento individual e familiar, além de encaminhá-los a serviços sociais e monitorar o rendimento escolar, condição indispensável para participação no projeto”, explica Juliana.

Nesta terceira edição no Caju, o Passageiro do Futuro abriga 60 jovens, com média de 17 anos, vindos de 13 escolas em dez diferentes localidades: Complexo do Caju, São Sebastião, Parque N. Sra. da Penha, Parque da Conquista, Quinta do Caju, Parque Boa Esperança e Manilha, todas no Caju, além de Barreira do Vasco, Complexo da Maré e Lapa. “São alunos em sua maior parte residentes do Caju, que estudam em unidades escolares de outros bairros”, ressalta Juliana, que por diversos anos fez rotas complicadas pela geografia da cidade, indo de um projeto a outro e, muitas vezes, em edições simultâneas do Passageiro do Futuro. “Apesar da melhora na difusão cultural, o teatro e as artes de modo geral, ainda são uma realidade distante para a maioria, como percebemos pelos depoimentos dos alunos e responsáveis”.

SERVIÇO
Dias 1 e 2 de dezembro – 16h
Local: Clube Social Quinta do Caju ( Rua Circular da Quinta do Caju)
Tel.: 2589-5549

Dia 5 de dezembro – 14h
Local: Lona Cultural Terra ( R. Marcos de Macedo, s/nº – Guadalupe)
Tel: 3018-4203

Dia 7 de dezembro – 14h
Local: Arena Carioca Jovelina Pérola Negra (Praça Ênio, s/nº – Pavuna)
Tel: 2886-3889

Dia 8 de dezembro – 15h
Local: Centro Cultural do Ministério da Saúde (R. México, 128/ 10º andar – Centro)
Tel: 2240-9764

Dia 11 de dezembro – 17h
Local: Teatro Ipanema ( R. Prudente de Moraes, 824 – Ipanema)
Tel: 2267-3750

Dia 12 de dezembro – 14h
Local: Arena Carioca Hermeto Pascoal (Praça Primeiro de Maio, s/nº – Bangu)
Tel: 2267-3750

Dia 13 de dezembro – 15h
Local: Casa São Luiz ( Rua Gal. Gurjão, 533 – Caju)
Tel: 2159-9999

Dia 14 de dezembro – 18h
Local: Teatro Municipal Ziembinski (Rua Urbano Duarte, 30 – Tijuca)
Tel: 3234-2003

Dia 16 de dezembro – 17h
Local: Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas ( Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa)
Tel: 2215-0621

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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