Suburbicon – Bem vindos ao paraíso: o curioso Clooney avalizado pelos Coen

Uma família negra se muda para um bairro de um subúrbio americano onde só vivem famílias brancas. Um simbolismo do “american way of life” na década de 50, podendo ser perfeitamente alusivo ao momento atual dos Estados Unidos, onde Trump fomenta o nacionalismo e o resgate do orgulho americano.

E é nesse quintal de referências que George Clooney se encontra. Ancorado pelo roteiro dos irmãos Coen, Clooney que gosta de erguer bandeiras contra qualquer tipo de preconceito, tem carta branca para guiar uma história quase caricata de tão absurda, quanto carregada de viés social e de protesto.  O mais divertido é quando ele pode unir tudo isso, arriscar, e dividir os louros e as críticas com os cineastas Coen. É exatamente, isso que se passa em Suburbicon.

Com uma sequência de diálogos magistrais, com cenas de completo cinema pastelão e uma fotografia incrível e uma premissa pouco sustentável, como o caso do plot principal do filme, que trata do racismo no país na década em questão, em detrimento ao subplot, uma família branca cujo líder, Gardner Lodge (Matt Damon) arma o assassinato da própria esposa Rose (Juliane Moore) para receber um alto seguro e ficar com sua irmã gêmea.

Enquanto toda comunidade se volta em esforços para expulsar a família de negros da vizinhança, uma cômica tragédia acomete a família Lodge, porém, longe dos holofotes da mídia e dos moradores locais. Com algumas lacunas, Suburbicon – Bem Vindos ao Paraíso, é de certa forma um playground para Clooney que sem muita responsabilidade, guiou a trama dos Coen do seu modo, muito interessante em alguns aspectos. A  começar pela narrativa e os diálogos muito bem escritos.

Menção honrosa para a atuação do jovem Noah Jupe, no papel de Nicky Lodge, filho de Gardner. O menino rouba a cena e dita o ritmo de suspense apresentado pelo roteiro.
Sob alguma desconfiança da crítica, Suburbicon – Bem Vindos ao Paraíso, é ao meu ver, um ótimo filme.