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Tubarões: uma peça sobre Neruda, sobre o Equador, sobre o Brasil

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O Teatro Serrador, no centro da cidade, abriga um novo espetáculo, de nome peculiar. Três casais se encontram em uma casa perto do mar, falam sobre Neruda, sobre o Equador, sobre o Brasil. Poderia ser um enredo cotidiano e pouco original, não fosse a extrema e afinada adequação do tema e linguagem aos destinatários, ex-jovens de uma geração inteira.

Clarisse e Murilo, Bernardo e Stela, Daniel e Cícero são as personagens vividas pelos atores Bianca Joy Porte, Christian Landi, Alonso Zerbinato, Beatriz Bertu, Alexandre Varella e Michel Blois. Um casal mais velho, um casal mais novo – que poderia ser a representação do passado dos primeiros – e um casal gay. Ao longo da grande conversa que domina a cena, vários assuntos são abarcados, incluindo as frustrações pessoais, conjugais e existenciais das personagens. É o fato de se conviver com um fim que é inevitável e cada dia está mais próximo e não se ter a certeza de que se construiu tudo o que se queria. Falhamos? Onde falhamos?

O ponto de contato que ajuda a costurar as narrativas é o estudo de tubarões, os cães do mar que fascina alguns e amedronta outros. Os perfis psicológicos das personagens são variados, e isso contribui para uma riqueza de pontos de vista acerca de uma existência compartilhada, e uma história em comum. O texto é dito de maneira naturalista, apesar de o espetáculo ser repleto de teatralidade e a performance de cada ator coaduna-se satisfatoriamente com a criação do clima certo e com a apresentação da trama.

São amigos do passado que se encontram vinte anos mais tarde. O drama em si não traz grandes inovações dramáticas ou poéticas, mas realiza uma bela exteriorização do que há de melhor e dos medos do homem moderno, que, contudo é muito parecida, na essência, à de todo ser que respira, a luta pela vida.

A dramaturgia foi construída coletivamente pela Daniela Pereira de Carvalho, pelo elenco Alexandre Varella, Alonso Zerbinato, Beatriz Bertu, Bianca Joy, Christian Landi e Cirilo Luna e pelo diretor, Michel Blois.

Felipe Mury
Felipe Mury
Felipe Mury é ator formado pela Casa de Artes de Laranjeiras e bacharel em Direito pela UFRJ. Amante das Artes Cênicas, especializou seu olhar em relação ao Teatro, sendo uma ficcionado por Shakespeare e Brecht.

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