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Fatih Aki aborda a intolerância étnica Em Pedaços

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O ano é 2018, uma obra cinematográfica traz como tema uma das maiores verdades inconvenientes que o “mundo” talvez desdenhe: a intolerância étnica. Fatih Akin, cineasta alemão de origem turca, se debruça sobre a realidade de seu país e incomoda ao destacar o crescimento do movimento neonazista na Alemanha em pleno século XXI.

Katjia Sekerci (Diane Kruger) é esposa de Nuri Sekerci, ex-condenado por tráfico de drogas, com quem tem Rocco, seu filho de apenas 6 anos. Após cumprir pena, Nuri e sua família vivem uma vida feliz e tranquila na cidade de Hamburgo, onde ele trabalha em um escritório de assistência social como tradutor. Até que um atentado a bomba tira a vida de Nuri e do pequeno Rocco, deixando Katja sozinha em busca de respostas, de justiça e do resgate pela vontade de seguir sua vida.

Na obra, Akin consegue prender o espectador do começo ao fim, dividindo a trama em atos. Sem delongas, ele consegue transmitir o forte vínculo amoroso entre os personagens e ao mesmo tempo o start no plot principal culminado pelo atentado ao marido e o filho.
A partir de então, dá-se o segundo ato que é a busca incessante pela justiça. Neste momento o diretor esbanja sutileza na transição de um quadro de incredulidade e depressão de Katjia, com aquela sensação de que a protagonista irá desistir de tudo, e o crescente desejo por justiça, que dá forças para que a personagem resista. Neste momento, o filme prende alternando a brilhante atuação de Diane Kruger, em seus momentos de profunda solidão e desespero ancorados por uma fotografia gélida e intensos diálogos do julgamento dos suspeitos pelo atentado à sua família.

Cenas de tribunal são perfeitas para manter o interesse, afinal, o intrínseco senso de justiça está em todos nós, e no filme, isso é criado desde o início com as cenas de amor entre família. Entram em cena as figuras do advogado de Katjia, Danilo (Denis Moschitto) e do advogado de defesa dos culpados (Johannes Krisch), quem por sinal consegue de forma bem caricata, despertar o ódio no mais perfeito papel de vilão.

O último ato, portanto, sinaliza a redenção ou a cura de Katjia, diante dos fatos e a forma como decide seguir em frente. Por mais que a história de amor seja pano de fundo para a delicada questão imposta pelo cineasta, “Em Pedaços” consegue ser um filme o qual se atingem os dois objetivos. Um romance dramático e um filme sobre radicalismo político, xenofobia e como a sociedade atual lida com estas questões, principalmente a justiça e seus membros.

Ausência no Oscar 2018, Em Pedaços nutria a expectativa de concorrer como melhor filme estrangeiro, mas ficou de fora. Diane Kruger aparece em grande forma e parece muito motivada atuando em casa e tratando de uma questão tão delicada quanto a abordada, e ao mesmo tempo podendo viver uma viúva em conflito existencial que precisa buscar justiça em nome do amor.  Não espere um romance delicado. O enredo é pesado, mas o filme é ótimo!

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