Pagliacci: Uma obra sobre a paixão em ser do circo

Por Tarsso Sá Freire

O emotivo documentário dirigido por Chico Gomes, Júlio Hey, Luiza Villaça, Pedro Moscalcoff e Luiz Villaça, expõe a beleza da figura do palhaço. Fazendo também uma homenagem ao parceiro de palco de Fernando Sampaio, Domingos Montagner, que faleceu em 2016. Sendo eles fundadores da companhia “LaMínima”, ao lado de Luciana Lima, mulher de Domingos.

O filme possui um simbolismo filosófico sobre a vida artística, conseguindo transmitir com maestria o orgulho que essas pessoas tem por serem de circo. Sendo pautado em vários momentos por depoimentos de artistas circenses, acrobatas, produtores de circos itinerantes e, lógico, por palhaços. Todos carregam na voz uma emoção real, demonstra que o que fazem, a sua profissão, é meramente amor por pela camisa do circo, é a verdadeira paixão. A adrenalina de viver na estrada, o estrondo do riso da plateia, a sutileza do sorriso de uma criança.

O homônimo “Pagliacci” de Ruggero Leoncavallo foi uma ópera criada em 1892, a música “Vesti la Giubba”, que a mais conhecida da ópera, aparece sutilmente durante o documentário. Ela fala do palhaço que mesmo chorando transforma sua dor em riso para os outros. O palhaço abre mão da dignidade através da bobeira, para ser o reflexo do público, fazendo com que riam de si mesmos. E ao invés de perder, o palhaço só ganha em troca, de acordo com Fernando. O documentário narra a construção da peça de mesmo, desde seus ensaios primários até apresentações finais.

A montagem do longa é muito bem feita. Tanto as cenas cômicos quanto as com um teor mais melancólico. Incluindo uma cena tocante do mestre de Domingos e Fernando quando estudavam no Circo Escola Picadeiro, Roger Avanzi, o palhaço Picolino, evocando o espírito de Pagliacci, apesar de sua idade avançada. O estilo de filmagem sempre focado nas pessoas, apenas acrescentam a beleza e carinho deste documentário.