- Publicidade -

Simone Mazzer fala de gordofobia e do movimento LGBTQI+

Publicado em:

A paranaense Simone Mazzer costumava soltar a voz em sua cidade natal, Londrina, e em montagens teatrais, mas só mergulhou na carreira de cantora em 2015.

A cantora e atriz Simone Mazzer vai lançar o single “CORPO” do jeito que gosta, estreando a nova turnê no Teatro Ipanema, em álbum cheio de inéditas. Desde e Adriana Calcanhotto, Eduardo Dussek, Ava Rocha à Negro Leo.O show também traz de volta canções que ficaram conhecidas em sua voz, como “Estrela blue” e “Tango do mal”, gravados nos álbuns “Férias em Videotape” (2015) e no recente “Simone Mazzer & Cotonete” (2017).

Sua nova turnê foi batizada com o mesmo nome do single, que traz versos como “Meu corpo não é seu / Nem o seu é meu / Nem Deus sabe de mim / Quem dirá eu?”. O show propõe a reflexão do amor próprio?
Simone Mazzer – O show propõe uma postura não passiva diante de tantos senões que foram se agravando nesse novo século… acredito que não estamos em tempos de delicadeza pra certos posicionamentos e, paradoxalmente, acredito que para outros tantos assuntos, só o afeto e o respeito são a solução. Então, é tudo muito dúbio. O show está repleto disso.

Como foi o processo de criação desse novo show? Podemos esperar uma sonoridade diferente?
Simone Mazzer – Meu processo de criação é sempre muito tranquilo… ouço opções,escolho as músicas e vou construindo um mundo. Observo qual o assunto está mais presente e sigo por esse caminho. Pra esse show, especificamente, tínhamos uma espécie de embrião criado no final do ano passado. De lá pra cá, músicas apareceram, a instrumentação mudou, e consequentemente, a sonoridade também. Me agrada muito essa formação jazzy (baixo, piano e bateria) nesse som mais pesado.

Você é cada vez mais querida pelo publico gay, o movimento LGBT é cada vez mais um simbolo contra a opressão e a catequização. Você representa uma força tão transgressora e tão bonita nesse movimento, como foi a construção dessa representatividade na sua carreira? E o Buraco da Lacraia, qual é a importância dele na sua carreira?
Simone Mazzer – Sempre estive junto de pessoas envolvidas no movimento LGBTQI+. Não tinha como eu não lutar por isso. Vejo meus melhores amigos, família que adotei pra vida, sendo atacados, mortos, discriminados… somos iguais… não posso ficar parada assistindo. Consequentemente, isso tudo está nas músicas que ouço e escolho, na minha arte…

O Buraco é um oásis pra mim. Lá experimento artisticamente coisas que me interessam. É uma delícia, libertador… canto QUALQUER COISA que eu queira. Diana, Madonna, Almodóvar… tudo. Sem medo!

 Você teve a capa de seu disco “Simone Mazzer & Cotonete” censurada. O publico aderiu ao movimento contra a censura da capa de uma forma muito intuitiva e espontânea. Foi um movimento libertador até para quem via de fora. Como é para você pré-estabelecer valores?
Simone Mazzer – Quando aconteceu isso com a capa, levei um susto. Aliás, a caretice do mundo me assusta cada vez mais e mais. Não imaginava que seria assim, não nessa proporção. Ao mesmo tempo, acho ótimo a discussão. Que valores são esses onde uma ilistração onde crianças espiam uma mulher gorda e nua dançando no banheiro é mais perigosa que os discursos de ódio e violência aos quais estamos expostos diariamente?

 O preconceito ainda é latente na nossa sociedade. A gordofobia existe e muita gente nega. Você representa um parte da sociedade com grande liberdade dentro da sua arte. Porém nem todos tem esse poder. Como lidar?

Simone Mazzer – Nem sempre tive essa exposição toda… ainda sou vista com olhos tortos por muita gente… ainda me “xingam” de gorda por aí. Ainda se incomodam comigo de biquíni na praia. Ainda não me chamam pra protagonizar uma novela das 21h… mas eu sigo firme, forte, redonda, cuidando da minha saúde e linda!! Conquistando meu espaço merecido e repeitando minha essência. Mulher, gorda, artista, não sou rica de grana, mas sou “rycah!!!”. O que eu posso dizer pras pessoas que sofrem muito com isso é: cuidem-se, aceitem-se, amem-se. A partir daí, fica bem mais leve. E pra você que acha uma pessoa gorda feia, ou sente nojo dela… procure ajuda. Você não está bem.
Aliás, quando uma pessoa que não é você, te incomoda tanto, faça isso, busque ajuda, você não tá bem não.

Rota Cult
Rota Cult
Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

Mais Notícias

Nossas Redes

2,459FansGostar
216SeguidoresSeguir
125InscritosInscrever
3.870 Seguidores
Seguir
- Publicidade -