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VIDAS À DERIVA: UMA ADAPTAÇÃO QUE NÃO PERDE A HUMANIDADE

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Se há dois nomes em Hollywood que ficaram marcados por produções que levaram o público às lágrimas nos últimos anos, esses nomes são se Shailene Woodley e Sam Clafflin. Vinda da televisão, Woodley chamou a atenção da crítica com o premiado longa Os Descendentes, pelo qual foi indicada ao Globo de Ouro e abriu caminho para outras produções de sucesso como a adaptação cinematográfica do romance A Culpa é das Estrelas, que lhe rendeu muitos elogios. Quando a jovem atriz foi escalada como protagonista da franquia Divergente, tudo parecia certo para que ela seguisse os passos de sua mais recente antecessora, a ganhadora do Oscar Jennifer Lawrence, alçada ao posto de queridinha da América devido ao sucesso da franquia Jogos Vorazes.

Porém, o fracasso da história de Veronica Roth no já saturado mercado de distopias adolescentes pôs um freio na carreira cinematográfica de Woodley, que voltou à TV na premiada série “Big Little Lies”, que lhe rendeu indicações como Melhor Atriz Coadjuvante no Globo de Ouro e no Emmy. Já Claflin se tornou mundialmente famoso graças à saga criada por Suzanne Collins, assim como J-Law, e emocionou muita gente com a adaptação de Como Eu Era Antes de Você. Ou seja, ambos os atores têm como um dos pontos altos de suas filmografias romances trágicos que faturaram muito. E agora, os dois estão juntos em mais uma adaptação cinematográfica, contudo há um adendo: Vidas À Deriva é baseado em uma história real.

A trama acompanha Tami Ashcroft (Woodley), uma jovem que decide mudar de vida e navegar pelo mundo, seguindo para o Haiti, onde conhece o lobo-do-mar solitário Richard Sharp (Claflin). O interesse mútuo é quase instantâneo, iniciando um relacionamento que culmina em uma viagem a dois – uma vez que o rapaz tem que levar o barco de um casal de amigos até a Califórnia e, como é de se esperar em um começo de namoro, Tami e Richard não querem ficar longe um do outro. No entanto, no meio do percurso, a embarcação deles cruza com o furacão Raymond e acaba virando, deixando-os à deriva no meio do Oceano Pacífico por quase um mês e meio. A partir disso, tem início uma saga de sobrevivência enquanto Tami tenta levá-los até o Havaí enquanto teme pela vida de Richard, que ficou gravemente ferido no acidente.

Este tipo de enredo que acompanha a história real dos remanescentes de uma catástrofe tentando sobreviver já foi contada inúmeras vezes no cinema, como no premiado O Impossível, com Naomi Watts, e em Até o Fim, com Robert Redford. No caso de Vidas À Deriva, o que faz a diferença é a direção do islandês Baltasar Kormákur, um cineasta especialista em cinema catástrofe – responsável por Evereste, seu magnus opus. Mesmo no começo do longa, com a apresentação das personagens e o início do romance entre Tami e Richard, é perceptível que a produção buscou fugir da pieguice – ainda que o elemento “amor-à-primeira-vista” esteja presente -, e esta tática foi elevada pela química entre os dois atores. Como já era de se esperar, a cena do desastre é muito bem orquestrada pelo diretor, criando uma tensão real no público. E, a partir deste momento, Woodley assume definitivamente o holofote.

A atriz – que, sem dúvida, está entre as mais talentosas de sua geração – mostra a força e a vulnerabilidade necessária para que a personagem funcione, resultando em uma performance muito honesta e intensa – vale destacar que com este longa, a atriz assume o papel de produtora pela primeira vez, tendo partido dela a iniciativa para levar a história narrada no livro de Ashcroft para o cinema -, e, em muitos momentos, com a ausência de diálogos. Claflin está bem no filme, porém, devido ao estado debilitado de seu personagem, há momentos em que o parceiro de cena de Woodley não tem muito o que fazer, o que acaba por tranformar a atriz na força propulsora do longa.

Por outro lado, a estrutura do roteiro é mediana, uma vez que o acidente já aconteceu e o plot principal já está estabelecido, a saga pela sobrevivência das personagens se torna muito mais interessante do que os flashbacks. Mas isso não diminui a qualidade da produção. Assim, Vidas À Deriva, com certeza, pode surpreender aquele espectador que torce o nariz para filmes que carregam aquela aura de superação ao fugir dos clichês do gênero e depositar toda a sua carga dramática nos ombros de uma protagonista que não é uma heroína e filmes de ação, mas um ser humano, que tem momentos e força e fraqueza, certeza e dúvida, ou seja, uma pessoa real.

 

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