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MAM Rio inaugura três novas instalações interativas de Cesar Oiticica Filho

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O MAM Rio inaugura no próximo dia 22 de setembro de 2018, às 15h, em seus jardins e pilotis, três grandes instalações de Cesar Oiticica Filho, que integram a exposição “Metaimagens”, que tem curadoria de Fernando Cocchiarale.

Nos pilotis estarão duas obras. “Caixa de Dança 1” (2002), em que faixas de tecidos cobertos por LEDs estarão à disposição do público para serem vestidos. O convite é para que o público dance, e tenha seus movimentos captados por uma câmera digital. As imagens serão enviadas ao participante email.

“Caixa de Dança 5.0” (2018) é outra grande instalação composta por quatro telas translúcidas dispostas como paredes de um cubo, com oito metros de face, em algodão muito fino, onde são projetadas imagens, vistas tanto do lado de fora como de dentro. Dessa forma, as imagens em movimento estão em sentido de fuga quando vistas do lado interno, e são convergentes, do outro lado, como que atingindo o espectador que está fora do cubo, criando a sensação de contração/expansão, dependendo do ponto de vista. O espectador poderá também dançar, ao som da música que integra a obra.

VELAS DE BARCO COM FIGURAS HISTÓRICAS DO BRASIL
Nos jardins do MAM estará a obra “É Tudo Verdade”, de Cesar Oiticica Filho em parceria com o artista Carlo Cirenza, formada por um conjunto de velas feitas de lona, com nove metros de altura por seis metros de largura, onde estarão estampados os rostos de figuras emblemáticas para o país como Dragão do Mar, Zumbi, Anastácia e Marielle, pintadas com tinta acrílica em tons de vermelho.

O conjunto será completado com as imagens dos rostos de Lampião, Olga, Antônio Conselheiro, Jacaré, e o artista José Oiticica, avô de Cesar. As instalações permanecerão até o próximo dia 30 de setembro e a exposição “Metaimagens” seguirá em cartaz até o dia 11 de novembro de 2018.

Cesar Oiticica Filho conta que o ponto de partida do trabalho foi o documentário “É Tudo Verdade”, de Orson Welles, que viajou ao Brasil em 1942 para registrar aspectos enaltecedores do país, dentro da política de boa vizinhança com os EUA. Na época, o cineasta quis incluir em seu documentário o segmento “Four Menon a Raft”, recriando a odisseia empreendida por um grupo de quatro jangadeiros, que partiu em setembro de 1941 do litoral cearense rumo ao Rio de Janeiro, para reivindicar melhores condições de vida e benefícios aos pescadores. Liderada pelo jangadeiro Jacaré, a viagem durou 61 dias em alto mar, e ao chegar ao Rio, o grupo foi recebido pelo presidente Getúlio Vargas, que atendeu às reivindicações, pois a empreitada ganhou grande repercussão na imprensa brasileira e estrangeira. Foi justamente uma matéria sobre o assunto, publicada pela revista “Time”, que chamou a atenção do cineasta norte-americano, que vinha do sucesso de “Cidadão Kane” (1941). Entretanto, a ideia de Welles de abordar a saga dos jangadeiros não estava dentro dos objetivos dos governos norte-americano e brasileiro, “muito menos a trajetória ‘comunista’ de Jacaré”, salienta Cesar Oiticica Filho.

O projeto de Welles, de recriar a viagem dos jangadeiros nos mesmos 61 dias para o registro no documentário, foi interrompido por uma tragédia. “No litoral carioca, uma onda derrubou a jangada dos quatro heróis e justamente Jacaré, o líder do grupo, sumiu nas águas da Baía de Guanabara. Mesmo assim, Welles viajou para o litoral cearense para concluir seu segmento, com recursos próprios”, conta Oiticica Filho.

“Mais do que uma homenagem ao grande cineasta, esta obra in progress ‘É Tudo Verdade’ trabalha justamente na fronteira aberta por Welles entre a história oficial e a verdade, trazendo ícones marginais da nossa história e suas imagens, quase ou praticamente, esquecidas nos relatos históricos ou completamente deturpadas”, explica o artista. “De um lado esse trabalho se relaciona diretamente com o cinema, uma vez que as imagens nas velas ganham movimento. Por outro lado, faz referência direta ao nome do documentário de Orson Welles, pois trata dessa linguagem na sua origem e no seu significado”.

Cesar Oiticica Filho destaca que “a Baía de Guanabara é um lugar emblemático, tanto para os jangadeiros que lá chegaram, quanto de resistência e criação, onde nos anos 1960 artistas e o público marcaram a cultura como uma importante forma de luta contra regimes autoritários e a censura”.

O artista pretende, ainda, depois levar as velas até o Ceará e fazer uma regata com os jangadeiros locais, colocando as velas em suas embarcações. “Refazendo um pouco a trajetória de Orson Welles, e ampliando esse diálogo entre o cinema e as imagens em movimento das jangadas”. Todo esse processo será registrado e resultará em um filme. “É uma obra que continua, e seus desdobramentos também serão desconhecidos, e por sua natureza ser de continuidade eles mesmos apontarão a direção que essas jangadas irão navegar”.

Serviço:
MAM Rio inaugura três novas instalações de Cesar Oiticica Filho em seus jardins e pilotis
Abertura: 22 de setembro de 2018, às 15h
Até 30 de setembro de 2018
De terça a sexta, das 12h às 18h.
Sábado, domingo e feriado, das 11h às 18h.
Ingresso: R$14,00
Estudantes maiores de 12 anos: R$7,00

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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