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Espetáculo “Contos negreiros do Brasil” faz temporada especial no mês da Consciência Negra

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O estudante, o gay, o menor infrator, a prostituta e a idosa. Em comum, a cor da pele. São todos negros. Esses personagens ajudam a traçar o panorama histórico-social do projeto “Contos negreiros do Brasil”, um espetáculo-documentário sobre a condição de homens e mulheres cuja pele escura determina a maneira como são vistos, retratados e julgados pela sociedade. Desde a estreia, em maio de 2017, a peça com texto de Marcelino Freire e direção de Fernando Philbert acumula elogios e olhares atentos do público e da crítica. Mexe numa ferida que muitos, ingenuamente, julgavam cicatrizada. Aborda as dores e os medos de parte tão expressiva da população, mas não se esquece também de suas paixões, desejos e alegrias.

“Ser negro é ver as madames esconderem a bolsa ao te ver. É chegar a um prédio e te mandarem entrar pelos fundos, mesmo se você veio comprar ali um apartamento. É preciso falar, pois os açoites agora são as balas da polícia. São as faculdades se fechando. São as loucuras, os presídios, a solidão”, ressalta Philbert sobre a urgência do projeto.

O espetáculo traz à cena histórias contidas no livro de Marcelino, “Contos negreiros”, mas mistura à ficção estatísticas que dimensionam a realidade experimentada por 54% da população brasileira. Os dados são apresentados pelo ator, sociólogo e filósofo Rodrigo França. “A peça não tem filtro. Tem a poesia do Marcelino, mas nem aí existe um romantismo. As coisas são ditas como elas são. Por outro lado, os números ajudam a refletir sobre o que é dito. O público sai consciente de que não há como negar o racismo”, reforça.

A desigualdade é exposta por meio de informações consistentes e atuais, fruto da pesquisa feita por França: “Mulheres negras recebem duas vezes menos do que as brancas. São também as que mais sofrem violência obstétrica. Isso sem contar que, dos 30 mil jovens assassinados por ano no Brasil, 77% são negros”.

Assim, parte da missão do espetáculo, ao desconstruir o mito da democracia racial, é expor a carne negra a partir de experiências reais, sociais e culturais. “Há uma falsa ideia no Brasil de que tirar uma mazela de baixo do tapete fará com que ela aumente. Precisamos conversar sobre ela. Isso, sim, pode salvar o país”, defende França, que entende a peça como parte de uma retomada do teatro negro brasileiro.

Serviço
Contos Negreiros do Brasil
Sesc Madureira (Rua Ewbanck da Câmara 90, Madureira)
Dia 03 de novembro, às 19h.
Ingressos: Grátis (habilitados Sesc e PCG), R$ 5 (meia-entrada previstas em lei ou classe artística, mediante apresentação de registro profissional, e doação de 1kg de alimento) e R$ 10.
Lotação: 114 pessoas
Funcionamento da bilheteria: Terça a sexta-feira, das 8h às 20h. Sábado e domingo, das 10h às 17h

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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