Monólogo “Zezé: A Vingança do Espelho”, com Betty Gofman, estreia no Teatro Laura Alvim

“Eu nunca fiquei tão comovida como atriz como eu fico vivendo a Zezé”, comenta Betty Gofman, que estreia no dia 19 de outubro no Teatro Laura Alvim o monólogo “Zezé: A Vingança do Espelho”, inspirado no espetáculo de mesmo nome, idealizado por Eduardo Barata, que foi sucesso de crítica e público em 2011/2012. “Na adaptação para solo, o texto ficou mais concentrado, denso e poético. Conseguimos uma carga maior de sensibilidade, já que temos em cena uma mulher falando de outra mulher”, explica Flávio Marinho, autor da grande homenagem à primeira dama da chanchada, a criadinha do Brasil, a Greta Garbo brasileira, Carlitos de saia, uma das atrizes símbolo do humor no cinema, teatro, rádio e televisão: Zezé Macedo. “Ela é uma pessoa como outras, julgada pela aparência, mas que trabalha com a alma”, conta o diretor Amir Haddad. Nos dias 12, 13 e 14 o público poderá assistir, gratuitamente, aos ensaios abertos da peça.
A Vingança do Espelho é o título de um dos poemas de Zezé Macedo. A atriz sempre brincou muito com os conceitos da beleza e feiura ao longo da sua trajetória. “Nunca o espelho teve tantas faces como no caso dela. Prestar essa homenagem não é só resgatar a memória das atrizes populares, é também relembrar como é possível fazer uma linha interpretativa sofisticada, elegante, popular e extremamente brasileira”, esclarece Flávio Marinho.

O texto foge da biografia tradicional cronológica e se apropria da poesia sem perder o humor. O espetáculo revela quem é Zezé Macedo em toda a sua profundidade: vida profissional, amor ao ofício, humanidade e luta para firmar-se como atriz. “Zezé: A Vingança do Espelho” fala da mulher que existe por trás da personagem “Dona Bela”, do inesquecível jargão “Ele só pensa Naquilo”, papel que hoje também é interpretado por Betty Gofman no remake da Escolinha do Professor Raimundo.

Zezé nasceu no dia 6 de maio de 1916, em Silva Jardim, interior do Rio. Perdeu os pais muito cedo, sendo criada pelo padrasto. No primeiro casamento perdeu seu filho de apenas 1 ano, quando a sogra o deixou cair acidentalmente no chão. A tragédia foi responsável pela perda temporária da voz da atriz, após um grito de desespero. Tempo depois, quando recuperou a fala, seu timbre não era mais o mesmo. Diante da triste realidade, ela conseguiu usar sua voz para o humor; para alegria das pessoas.

De Silva Jardim foi para o Rio de Janeiro. Sua trajetória começou no rádio e no teatro. Logo foi descoberta por Watson Macedo, que a convidou para fazer sua primeira participação em cinema, ‘O Petróleo é Nosso’, em 1954, aos 38 anos de idade. Trabalhou muito na Atlântida, com Watson e Carlos Manga, os principais diretores das chanchadas. O grande parceiro de Zezé Macedo na cena cinematográfica foi Oscarito, que pedia aos produtores e diretores para que ela fosse sempre sua partner. Desses encontros, surgiram filmes memoráveis, como ‘O Homem do Sputinik’, visto por 15 milhões de espectadores numa época em que o Brasil tinha 60 milhões de habitantes.

Zezé Macedo é uma personagem com várias faces. Muito reservada na vida pessoal, transmitia uma melancolia profunda e ao mesmo tempo, na vida profissional explodia despudoradamente, se jogava no chão, gritava, fazia o que tinha que fazer e com isso conseguiu ser a atriz recordista em participações de filmes no Brasil: 108 longas. “Uma atriz que conseguiu fazer algo em torno da caricatura, mas uma caricatura sem perder a ternura, com humanidade, com fragilidade. O espectador irá se importar com a Zezé ao mesmo tempo em que irá rir dela”, finaliza o autor Flávio Marinho.

SERVIÇO:
“Zezé: A Vingança do Espelho”
Teatro Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176, Ipanema)
Ensaios abertos gratuitos: 12, 13 e 14 de outubro
Temporada: 19 de outubro à 4 de novembro
Sextas e sábados às 20h e domingos às 19h
Ingressos: R$20,00 (inteira)/ R$10,00 (meia)
Classificação: 12 anos