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Colchões viram uma instalação cenográfica para exposição de Lígia Teixeira

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Levou cerca de dois meses o garimpo da artista visual Lígia Teixeira, resgatando colchões relegados pelas ruas ou cedidos por motéis cariocas. Além de histórias curiosas, ela conseguiu reunir o que seria utilizado como parte da estrutura, com todas as suas marcas do tempo, para uma instalação cenográfica que apresenta, a partir do dia 14 de novembro, na exposição “#Divas não pedem perdão”, no Centro Cultural Correios. A partir destes colchões usados, onde faz interferências com tinta e pinceis, Lígia reflete a questão do empoderamento feminino, o erotismo e a afirmação do desejo através de dançarinas de pole dance. O curador, Alexandre Murucci, criou um palco em formato de cruz onde sete colchões de casal ficam dispostos no terceiro andar, tendo um mastro usado nas coreografias pole dance posicionado no centro da sala.

Toda a plasticidade dos tecidos que revestem os colchões são explorados pela artista: sua estamparia original e os acabamentos das costuras remetem à história destes objetos e fazem metáforas ao desejo e à paixão que são intrínsecos a eles. Nesse campo repleto de referências e memórias, Lígia lança mão da imaginação para sobrepor personagens que 08vivem outras histórias. Neste caso, dançarinas de pole dance alçadas ao posto de divas e eternizadas.

“O desgaste do uso, o forro por vezes furado por um cigarro, a mancha e o suor deixados por corpos que ali se amaram, ou por alguém que sofreu a solidão de noites insones… tudo é matéria expressiva que se agrega à construção de novas narrativas. Mais do que tornar o ato de dormir confortável, colchões são objetos impregnados de simbolismo, aconchegam nosso corpo e poderiam contar a história íntima de nossas vidas. O fato de ser um colchão usado, independente do tema, vem impregnado com um conceito do uso do corpo, assumir o próprio corpo na intimidade”, analisa a artista Lígia Teixeira.

“Trabalho também com a gênese do colchão, uma vez que todos eles guardam histórias, têm diversas procedências. Não é como trabalhar sobre telas em branco ou mesmo colchões virgens”, acrescenta.

 Ampliando uma crônica de gênero que apresentou na TRIO Bienal 2017 na Cidade das Artes, com a obra “Minha Disney” – um boudoir interativo e festivo, Ligia agora monta um cenário mais alusivo às estruturas de poder que sempre historicamente oprimiram o feminino, principalmente através da negativa ao prazer e ao não-domínio do próprio corpo. Neste trabalho, num palco que centraliza a atenção do expectador, um mastro pole-dance surge para performances que a artista promove e também para interação do público. Este contraponto fálico está na obra não como objeto de dominação, e sim, como instrumento de usufruto do discurso feminino de afirmação de identidades. Ali, a ousadia é um instrumento político de pertencimento e o movimento dos corpos, uma caligrafia de autoralidade.

SERVIÇO
#Divas não pedem perdão
Visitação: de 15 de novembro de 2018 a 13 de janeiro 2019
Centro Cultural Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro)
Horário: de terça a domingo, das 12h às 19h
Classificação livre
Entrada franca

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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