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Parque do Inferno conduz a câmera por cenários decorados com temáticas de terror

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Por Janda Montenegro:

Parque do Inferno é o tipo de filme que faz você desejar que houvesse um parque de diversões macabro aqui no Brasil para gente se divertir. Porém, infelizmente não temos, e infelizmente é só isso que dá para tirar desse filme, que mais parece um TCC bem produzido.

Natalie está de volta à casa de sua melhor amiga, Brooke, para passar o feriado do Halloween. É quando descobrimos que ela saiu dali para estudar numa faculdade fora da cidade e Brooke aceitou outra menina em seu lugar como roomate: Taylor. Natalie tem o perfil doce e inocente, e Taylor é grossa e desbocada. As duas não se dão, mas se aturam em nome da amizade com Brooke. Essa informação não é trabalhada, apenas colocada na trama, e esse é o tipo de coisa que vai se repetir ao longo do filme, por vezes sem fazer sentido algum ou sem acrescentar nada à trama.

Exemplo: Natalie volta para casa e as meninas parecem surpresa em vê-la, alegando que não achavam que ela fosse vir. Daí de repente dizem que compraram ingressos para um festival de Halloween que vai acontecer naquela noite na cidade e haviam comprado um ingresso pra ela. Ué, mas como tinham ingresso para ela se achavam que ela não ia vir? Pois é. Em seguida o namorado de Brooke surge no quarto dizendo que todos têm que ir logo para o tal festival, ao que a namorada, junto com a melhor amiga, alegam que precisam de dez minutos para se arrumarem. O rapaz sai a contragosto e, na cena seguinte, todos aparecem chegando no festival – e as meninas estão com a mesma roupa. Ué? Mas não precisavam se arrumar? Pois é.

As informações soltas e os furos de continuidade se repetem ao longo das cerca de 1h30 de filme, o que prejudica o envolvimento do espectador com a trama. Apesar disso, o tal parque atrai nossa atenção. As atrações e brinquedos são todas super-produzidas, com fumaça, atores contratados fingindo serem zumbis, efeitos sonoros com gritos e gemidos; tudo isso ajuda a ambientar um local que realmente parece ser divertido. E é no meio dessa grande diversão que o grupo de Natalie acaba se encontrando com um assassino que está matando pessoas aleatoriamente. Não sabemos quem ele é, porquê está lá e tampouco porquê está matando pessoas, porém, ele cisma com o grupo da protagonista simplesmente porque esbarrou com ela no início da festa e, a partir daí, eles precisam se salvar do perigo – muito embora demorem a entender que estão em risco.

Com atuações razoáveis e um roteiro que não pretende explicar as coisas, apenas conduzir a câmera por cenários decorados com temáticas de terror, o filme não faz jus ao gênero e tampouco assusta. Tem uma pegada slasher, ou seja, daquele assassino com faca na mão que persegue as vítimas, tipo a franquia Pânico, mas sem construir a aura do suspense nem aprofundar a construção dos personagens. Fica a sensação de ser um filme realizado em fim de curso por um estudante de cinema que ainda tem muito o que aprender, mas que conseguiu financiamento suficiente para construir um parque temático para realizar sua história adolescente.

 

Janda Montenegro
Janda Montenegro
Escritora, roteirista, mestranda em Literatura Brasileira pela UFRJ, crítica de cinema, tradutora e revisora.

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