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“Crave”: Drama reflete os anseios contemporâneos

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Em um universo de vozes, quatro personagens expressam forte intimidade. Escrito por Sarah Kane, dramaturga referencia do teatro britânico do final do século XX, o espetáculo, envolto em poesia, amor e ódio, cria conexões, numa trama cruel e abusiva, onde sujeito, tempo e espaço se apresentam indefinidos e refletem anseios contemporâneos.

Em “Crave” há uma mistura de conteúdo emocional extremo e inovação. A estrutura da peça permite a coexistência de variadas camadas de significado; o narrativo, o inconsciente, o emocional e o arquetípico; tornando-a rica principalmente pela sua potência cênica.

Nesta peça, vista como a mais madura e completa, Sarah Kane consegue renovar os conceitos de dramaturgia, desafiando e conduzindo o elenco aos limites do processo criativo. De um lado, seriedade e sofisticação são propostos pela forma, do outro, o conteúdo enigmaticamente jocoso e vivo é propulsionado por essa forma. Inicialmente a linguagem fragmentada convida os espectadores a jogarem também e, junto aos atores, irem à busca de uma lógica entre pensamentos que não parecem ter sido previamente filtrados. Em suas jornadas independentes e interdependentes, essas lógicas se desvelam e começam a virar movimento; influenciam umas as outras, se permeiam, caminham paralelamente e estão em constante mutação.

Encenar um texto de Sarah Kane é sempre um desafio, e eu adoro desafios. “CRAVE” ou “ÂNSIA” é uma peça que mexe com as bases da dramaturgia, acolhe personagens que nem personagens são, são vozes, são reflexos, são espelhos de uma sociedade. Neste ponto, contemporânea, no caso de Sarah Kane na virada do século XXI. Sarah Kane é um prolongamento da dramaturgia Beckettiana ou de Harold Pinter e nisso o teatro agradece, os atores absorvem, a plateia se indaga e o teatro se faz da melhor forma possível, através da perplexidade, da inconstância e da imprevisibilidade. O teatro inteligente de Sarah Kane é sempre um desafio para quem quer estar presente na sociedade contemporânea. Cesar Augusto, diretor do espetáculo.

Assim como em Beckett e Pinter, que inspiraram “Crave”, o corte realizado com o drama tradicional reflete os anseios contemporâneos. A brutalidade que podemos enxergar ao nos depararmos com a vida, é contrastada com o amor e o humano; e o crescente autoconhecimento proporciona o encontro com a beleza mesmo nas situações mais cruéis. Neste sentido a forma dramatúrgica escolhida não é só forma estética, mas uma necessidade para que se exponha de forma precisa esse paradoxo.

SERVIÇO
“Crave”
Teatro I SESC Tijuca (Rua R. Barão de Mesquita, 539 – Tijuca)
Temporada de 08/02 a 24/02/2019
Horários: De sexta a domingos às 20h00
Duração: 70 minutos
Classificação: 16 anos
Gênero: Pós-dramático
Lotação: 228 lugares

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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