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Ocupação Decopulagem reúne dança, poesia e música no Teatro Cacilda Becker

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Música e Poesia vão saltar e rodopiar pelo Teatro Cacilda Becker, no Largo do Machado, conduzidas pela Dança. Esse encontro de linguagens artísticas – que tem como eixo de investigação a Dança – é o que norteia a Ocupação Decopulagem, fruto do processo de criação da bailarina Aline Bernardi. Com apoio da Funarte, a programação, de 20 a 24 de março, inclui o pré-lançamento de um livro, a estreia nacional de um solo de dança, sarau poético e oficinas a preços acessíveis.

Decopulagem é o nome que batiza o processo de investigação de Aline Bernardi, mestranda em Dança pela UFRJ. A ocupação Decopulagem é resultado de seis anos de pesquisa, e tem como intuito questionar os sintomas de uma sociedade marcada pelo hiper-estímulo e investigar a palavra (escrita ou falada) num campo de afetação com o corpo que dança. São muitas as perguntas que nutrem essa jornada. Como o corpo em movimento afeta o campo poético da palavra? O que acontece quando o corpo pede para pausar? Qual é o tempo necessário que o corpo precisa vivenciar para deixar o gesto dançado nascer da palavra poética?

– Nosso desejo é abrir brechas e fissuras de conectividades entre o corpo e a palavra. Vivemos um padrão de produção do conhecimento que tende a pré-determinar a organização corporal. Queremos expandir a percepção dos modos do corpo enquanto pulsação poética. E isso implica investir tempo numa relação de proximidade com os ritmos do corpo, por isso nossa necessidade de diálogo com a música – pontua Aline Bernardi.

Essa investigação se desdobra em três apresentações cênicas na programação: sarau com músicos e bailarinos, show em trio e solo de dança. Outro destaque é o pré-lançamento do livro Decopulagem, coletânea de prosas poéticas escritas por Aline em “estado de dança”. A música tem um papel importante em toda a concepção da Ocupação. Renato Frazão, diretor musical e compositor da trilha sonora original do solo, e outros músicos parceiros que assinam depoimentos do livro, fazem parte do sarau poético. Para completar a agenda, haverá oficinas, laboratórios artísticos e rodas de conversas entre músicos, escritores, cineastas e bailarinos.

O livro Decopulagem

O pré-lançamento está marcado para duas datas: sábado (23) e domingo (24). Composto por 33 prosas poéticas, o livro Decopulagem foi escrito por Bernardi enquanto dançava. Gestos, movimentos e palavras se afetam mutuamente, criando diferentes ritmos de escrita, construções textuais imprevisíveis e instigantes imagens poéticas. Será apresentada ao público a boneca da tiragem especial, o “livro-obra”, que tem capa de argila e toda a concepção gráfica pensada em torno do conceito de artesania.

O prefácio da obra é assinado por Hélia Borges, professora da Faculdade Angel Vianna e um dos nomes atuais mais importantes do pensamento filosófico em artes do corpo. Em seu texto, descreve: “Aline, em seus escritos, nos conduz para um corpo alerta e acordado, um agir, um campo de germinações, de maquinações como expressão do campo imanente que é a vida. Sua leitura nos coloca no mundo”.

O livro se divide em três títeres, que conduzem a criação – Andarilho, Artesão e Alfaiate. O Andarilho é aquele que dialoga com os diferentes lugares percorridos. Sejam grandes metrópoles, cidades pequenas e interioranas ou pontos de natureza, de uma grande capital europeia a uma ecovila no interior de Minas Gerais. O Artesão interage com artistas, as obras e as ideias que marcam ou marcaram a trajetória de Bernardi como performer e bailarina. O títere Alfaiate pratica a interlocução com a maternidade, tanto na geração de uma vida dentro de um ventre materno, como na gestação de processos artísticos. Nove mães foram escolhidas e convidadas por Aline, que assume o papel de doula de histórias. Essas personagens se juntam para um bate-papo na sexta (22).

Decopulagem – Solo de Dança

A estreia nacional do Solo está marcada para sábado (23) e domingo (24). A performance tem apenas Bernardi no palco, e foi criada a partir das prosas poéticas escritas com o corpo em movimento. É a prova de que a dança e a construção poética em Decopulagem se retroalimentam. Para Guilherme Frederico, diretor da performance, as dramaturgias coreográfica e musical estão intimamente ligadas e são os fios condutores da concepção da obra.

– As prosas poéticas do livro da Aline são um universo riquíssimo. Elas surgem através de suas lembranças e vivências, mas se revelam por um trabalho único, desenvolvido pela Aline, onde a escrita não surge exclusivamente de um comando do cérebro para as mãos, mas sim de todo o corpo em movimento. Nesse mais de um ano de pesquisa, a fluidez das prosas e as imagens instigantes que surgem nelas foram muito importantes para a dramaturgia do solo – avalia Guilherme.

Decopulagem e a música

Essa ode à artesania e a busca por uma brasilidade de raízes profundas conecta o Decopulagem com a música de Renato Frazão, que é o compositor da trilha sonora original do solo. Sua presença constante nos ensaios evidencia a costura da dramaturgia musical e gestual. Outros dois músicos parceiros e colaboradores assíduos do projeto assinam depoimentos do livro. Um deles é Thiago Amud, que se projeta como um dos maiores nomes da composição na MPB atual, parceiro de mestres como Francis Hime e Guinga. Mais um deles é Pedro Sá Moraes, compositor que reúne elogios da crítica nacional e estrangeira, com participação em festivais como South by Southwest, no Texas.

Frazão, Amud e Moraes se unem a outros talentos da música, todos parceiros do Decopulagem, para um sarau poético, na quinta (21). A apresentação reúne também Mauro Aguiar, Luiza Borges, Leandro Floresta, Bethi Albano, Luiza Lacerda, Tássio Ramos, Marcelo Fedrá, Aline Paes e Camila Caputti.

Decopular e dialogar

“Sinto em Decopulagem uma ideia de gestação, de um processo que leva ao surgimento de novas relações, novos sentidos, novos afetos”, revela-nos o diretor do solo, Guilherme Frederico. Por isso, as conversas entre os parceiros do Decopulagem não poderiam estar de fora da programação.

No sábado (23), antes do pré-lançamento do livro, a pesquisadora de Estudos Contemporâneos das Artes Daniela Avellar dá o seu depoimento sobre o contato que teve com a pesquisa de Aline Bernardi. “Mais do que improvisar e provocar contato, as agitações provocadas por suas propostas, fazem atritar afetos que podem misturar-se uns aos outros, como em um processo de contágio”, aponta a pesquisadora, refletindo sobre os ecos desse trabalho nas relações estabelecidas no mundo atual. No domingo (24), também antes do pré-lançamento, os músicos Thiago Amud, Pedro Sá Moraes e o cineasta Joel Pizzini falam sobre a música e o universo poético de Decopulagem. Os três assinam depoimentos no livro.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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