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SUPREMA: Felicity Jones dá vida a juíza Ruth Bader Ginsburg, segunda mulher a ocupar o posto na História do EUA

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Nos últimos anos, felizmente, narrativas femininas – protagonizadas, escritas e dirigidas por mulheres – vem se tornando cada vez mais frequentes, trazendo a público os obstáculos enfrentados por qualquer pessoa do gênero feminino. E algumas destas histórias são tão impressionantes que se tornam tema de mais de uma produção. Este é o caso de Suprema, longa dirigido por Mimi Leder e inspirado na vida de Ruth Bader Ginsburg, nomeada juíza da Suprema Corte Americana em 1993 – sendo apenas a segunda mulher a ocupar o posto na História do país -, após uma longa jornada contra o machismo do meio, iniciada entre as décadas de 1950 e 1960, quando processou o Estado por suas leis e políticas discriminatórias. E esta é a segunda vez que os feitos de Ginsburg chega às telas de cinema, uma vez que eles foram contados no documentário “RGB”, indicado ao Oscar 2019.

No filme, a jovem recém-formada na faculdade de Direito é interpretada por Felicity Jones – em um papel que parece ter virado seu forte em Hollywood: uma mulher forte que tem que enfrentar grandes dificuldades e ainda tem que se preocupar com um grave problema de saúde de um membro da família, neste caso, do marido, Martin (Armie Hammer), que sofre com um câncer. Apesar da similaridade com outras personagens da carreira da atriz – como, por exemplo, em A Teoria de Tudo -, Jones é uma das mais talentosas de sua geração e consegue se sair bem em qualquer papel que lhe couber, mesmo que, por vezes, o roteiro se mostre pouco original e até clichê devido a forma como é estruturado. Mas isso não impede a atriz de entregar uma atuação consistente.

Aliás, é o trabalho de Jones que ajuda a amenizar estes deslizes do roteiro, que não desenvolve sua trama de maneira natural, seguindo uma fórmula parecida com a de um videogame: a protagonista encontra um obstáculo de fundamento machista/sexista, o filme aponta o absurdo daquela situação, Ginsburg supera a dificuldade e dá de cara com outra logo à frente e o circuito se repete – falta fluidez ao enredo. Além disso, o longa cai em armadilhas clássicas como, por exemplo, destacar repetidas vezes durante da trama, o contraste entre a jovem advogada – mulher, baixinha, usando saias – e as pessoas que a cercam em seu ambiente de trabalho – todos homens altos de terno -; um recurso utilizado muitas e muitas vezes no cinema que não não chega a estragar o filme, mas já está batido.

Por outro lado, apesar de toda a toxidade machista que circunda a protagonista, o roteiro acerta ao não aplicar uma abordagem estritamente maniqueísta, transformando todos as personagens masculinas do filme que odiáveis vilões que querem mandar Ginsburg para uma cozinha – um exemplo disso é Martin, o marido, que, apesar de não ter muita influência no plot principal, é a epítome da benevolência. Outro aspecto que o filme trabalha relativamente bem é o crescimento da protagonista em sua luta por igualdade – embora algumas mudanças pareçam um pouco abruptas, principalmente no terceiro ato, o ganho de autoconfiança de Ruth é convincente e o carisma de Felicity Jones é uma peça fundamental para que o espectador embarque na história e torça pela personagem.

Assim, a produção que tem um material fonte muito rico e interessante – tanto por seu potencial cinematográfico quanto por seu valou histórico, social e político -, tem um apuro muito grande no que diz respeito a aspectos técnicos, como o design de produção, responsável por uma competente reconstituição de época, e uma atriz talentosa encabeçando o elenco. Porém, o filme peca ao simplificar demais sua abordagem, nunca indo muito a fundo no tema proposto, focando-se apenas em exemplos práticos dele, e assumindo um tom otimista em sua conclusão, dando a impressão de que este se trata de uma feel good movie feito para famílias. Tem um bom valor de entretenimento – não é um filme ruim -, que serve para, pelo menos, apresentar a história de Ruth Bader Ginsburg – um ícone americano – para novas gerações, mas se o espectador estiver interessado em um estudo mais aprofundado, é melhor assistir ao documentário “RGB” mesmo.

 

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