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Paulo Thiago abre É Tudo Verdade no RJ com documentário Memórias do Opinião

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Criado em 1964, no Rio de Janeiro por um grupo de artistas como um ato de protesto e de resistência contra o regime militar que havia se instalado no País, o Teatro Opinião se transformou num dos mais importantes movimentos de cultura da década de 1960. Ganhou fama e se consolidou com o show Opinião, que reuniu Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão sob a direção de Augusto Boal. Do momento em que foi concebido até sua extinção, o Opinião enfrentou censura e atentados. Os fatos mais marcantes daquela época, e que influenciaram a trajetória de inúmeros artistas, são mostrados pelo diretor Paulo Thiago no documentário Memórias do Opinião que abrirá, na segunda-feira, dia 8, às 19h30m, no Estação Net Botafogo, no Rio de Janeiro, o É Tudo Verdade, Festival Internacional de Documentários – a mais importante mostra de documentários do País. A produção também será apresentada na edição do Festival em São Paulo.

Filmado no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte em 2017, o projeto surgiu de um desejo de Paulo Thiago de resgatar os acontecimentos que marcaram o cenário cultural e político daquela época e de trazer à tona a realidade do grupo. “Até hoje fiz documentários sobre coisas que vivi intensamente como o universo mineiro (a obra de Drummond, e Guimarães Rosa), a Bossa Nova e agora O Grupo Opinião. Aquilo me marcou pelo resto da vida. A profundidade, a cultura, o conhecimento deles, a dedicação, a originalidade. Exemplos a serem seguidos. E, principalme nte, a paixão que dedicavam aos ideais. Carrego o Opinião dentro de mim. O palco, os músicos, as peças, atores, diretores e autores. E as opiniões, sempre defendidas com ardor. Entre eles despontava Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, aquele guerreiro das ideias, lutando com gana pelo que pensava e imaginava”, recorda.

Em 1964 Paulo Thiago era compositor de sambas e foi levado ao Grupo Opinião por Nelson Lins e Barros, um intelectual e compositor (parceiro de Carlos Lyra) ao Grupo Opinião. Com ele estava uma turma de amigos da música como Sidney Miller, parceiro do diretor. Ali conheceu Vianinha, Ferreira Gullar, Paulo Pontes e o grupo todo. “Vínhamos cheios de esperanças e expectativas de conhecer aqueles grandes artistas. Iriamos nos apresentar em um espetáculo deles chamado O Samba Pede Passagem que substituiu o censurado Brasil Pede Passagem. Formávamos um grupo que foi por Vianinha chamado de Grupo Mensagem. Agora, 50 an os depois, resolvi fazer esse documentário. É sobre o Grupo, em geral, e sobre as minhas lembranças. Tudo está no filme. Do CPC à glória do Grupo e nossa participação”, adianta.

O premiado diretor ressalta que seu objetivo não foi fazer um filme documental institucional. A proposta, segundo ele, é relembrar aqueles fatos e trazer informações, mas com emoção, vida e memória. Para isso, o cineasta contou com depoimentos de artistas como Antônio Pitanga, Milton Gonçalves, Carlos Heitor Cony, Cacá Diegues, Carlos Lyra e João das Neves.

“Todas essas pessoas têm muito a revelar e surpreender. Ultimamente não se t em falado sobre o Opinião e sobre a sua importância para a cultura”, diz. E completa: “A história não poderia ser mais importante hoje, numa época de exceção, quando o governo esquizofrênico comemora o golpe militar que levou o País às trevas. Justamente o golpe que motivou a criação do Grupo de artistas que se levantou contra o regime e mudou o destino da nossa música popular e do nosso teatro”, ressalta.

O documentário mostrará nas telas apresentações musicais como Fernanda Takai, que interpretará canções da Nara Leão com um estilo totalmente original. Os sambas e baiões que marcaram o Opinião serão cantados por artistas como a cantora Késia Estácio, que ganhou fama ao participar do The Voice Brasil e do musical Bossa Nova In Concert, e João Cavalcante, ex-Casuariana e filho de Lenine.

Paulo decidiu inserir no filme uma encenação com trechos do espetáculo Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, que estreou em abril de 1966, no Teatro de Arena. “Acho importante trazer à tona a história de um movimento de contestação política, de participação social e de luta contra a censura. É um bom exemplo do que precisamos fazer agora”, provoca. “Não se trata apenas de uma homenagem. É informação, atualização, emoção e memória de algo que participei. A gente vive para provar que viveu como disse o Guimarães Rosa. Fiz esse testemunho. Que vejam nas telas”, convida o diretor.

SERVIÇO:
FESTIVAL É TUDO VERDADE
Abertura: 8 de abril, às 19h30, no Estação Net Botafogo
Data: de 8 a 14 de abril no Rio de Janeiro
Local: Estação Net Botafogo e Instituto Moreira Sales
Entrada Franca

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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