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Alê Braga, diretor do documentário Rindo à toa, fala do desafio da construção da narrativa

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Rindo à Toa – Humor sem limites reflete de forma bem humorada sobre o estilo da comédia praticada no Brasil a partir da reabertura política em 1988, abordando a gênese e nascimento dos “humoristas” nos anos 80.

O documentário traz depoimentos dos ícones do humor, como Miguel Falabella, Marisa Orth, a galera do “Casseta e Planeta”, do jornalismo, como  Marcelo Tas, Laerte e Boni, além de trazer ao enredo a importância da cena musical da época, que também retratava suas indignações.

Com um conteúdo de excelência, Rindo à Toa – Humor sem limites reflete sobre seus estilos e questões como originalidade, vanguarda, limitações e contexto histórico e social. E ainda traz à tona, as diferenças de se fazer jornalismo em períodos tão diferentes.

A temática do documentário é clara , porém vasta. Muito tem a se falar sobre o humor e o período obscuro da ditadura. Vocês tiveram dificuldades na construção da narrativa e na escolha dos entrevistados?

Alê Braga – Assim como no filme Tá Rindo de quê? – Humor e ditadura, que trata do humor de 1964 a 1984, Rindo à Toa – Humor sem limites trata de um período muito grande, de duas décadas a partir da abertura democrática. Começamos sabendo de um fato: teríamos que fazer escolhas e muita gente boa ficaria de fora por uma questão simples de tempo. A ideia não foi mostrar casos isolados, mas tentar reunir vozes do humor brasileiro para mostrar o conjunto do que ocorreu na época. A partir daí, começamos buscando exemplos de humor em diversas plataformas: TV, música, Quadrinhos, teatro, e aí buscar entrevistados. Aprendemos muito durante a produção, a construção da narrativa veio muito desse aprendizado e diretamente das conversas com os humoristas. O desafio maior foi, portanto reunir as diferentes histórias e opiniões em um retrato do coletivo, do movimento que aconteceu pós ditadura e trouxe a fase mais “livre” do humor brasileiro, sem censura, sem o politicamente correto, enfim, sem limites. O editor Pedro Bronz foi fundamental nessa construção de narrativa.

Pasquim, Almanaque Casseta, Asdrubal, Vexame, “Escolhinha do Professor Raimundo”… , acredito que não faltou informação durante o processo de pesquisa. De tudo o que vocês acharam nesse processo, você poderia destacar o que tem maior relevância?

Alê Braga – Na minha opinião o mais impressionante foi a reunião de talentos. Se nos anos de chumbo o Pasquim conseguiu reunir um grupo absolutamente incrível de humoristas, uma série de iniciativas e grupos de diferentes locais e áreas de atuação acabou se reunindo também nesse período pós abertura, em especial na redação da TV Pirata. Teatro besteirol, Casseta Popular, Planeta Diário, cartunistas de São Paulo, Luis Fernando Veríssimo, uma nova geração de atores (para o humor), todos reunidos para quebrar barreiras e criar novas fronteiras para o humor. Boa parte da referência que temos de humor no Brasil veio dos grandes mestres do humor da TV, com enorme audiência, e desses dois grupos que se formaram e exemplificam bem as gerações e os momentos do humor no país.

Preciso perguntar, qual é a importância do Pasquim e  do Almanaque Casseta dentro da história do Brasil e do jornalismo?

Alê Braga – São marcos do humor de suas épocas. A reunião de talentos e a coragem e ousadia dos dois foram marcantes para traçar nossas referências do humor, de forma distinta. E são excelentes exemplos de humor vigiado e censurado (Pasquim), que revolucionou de algumas formas o formato rígido do jornalismo convencional; e de um humor livre e sem limites como a Casseta Popular. Além do fato de que retratam muito bem suas épocas, trataram dos assuntos de cada momento com ousadia e nos ajudam a entender o Brasil de cada época.

A trilha sonora tem um valor muito grande no documentário, gostaria de saber, como foi o processo de escolha das músicas?

Alê Braga – Foi difícil, mais uma vez era preciso buscar exemplos que somados refletissem o conjunto da época. Parte da trilha vem das próprias apresentações ao vivo ou em videoclipes, e outra parte vem do desejo de mostrar referências com estilos diferentes, como Blitz e Premê, Joelho de Porco e Ultraje, Vexame, etc.

 

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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