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John Wick – Parabellum: O começo do fim?

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O gênero de ação no cinema está longe de ser o mais inventivo ou original – afinal, pode-se dizer que Dwayne Johnson, Jason Stathan, Sylvester Stallone, Jean Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis e muitos outros astros do filão tiveram a oportunidade de estrelar as mesmas histórias sob títulos diferentes. A previsibilidade e falta de originalidade deste tipo de produção, no entanto, não é, necessariamente, um problema – se o roteiro souber como utilizar os clichês. Felizmente, este é o caso de “John Wick – Parabellum”, terceira parte da franquia protagonizada por Keanu Reeves, a qual tem como grande trunfo o fato de não se levar a sério, sendo quase uma sátira do gênero que adota.

Então, assim como acontece no segundo filme, “Parabellum” começa exatamente no ponto em que seu antecessor terminou: Wick quebrou as regras do submundo de assassinos profissionais que habita ao matar um colega de profissão em território proibido – o Hotel Continental. Com isso, sua cabeça é posta a prêmio logo na primeira cena, o que leva a uma cena de luta contra um gigante nos cinco minutos iniciais, mostrando um uso operante de CGI e uma coreografia marcial que abraça a comicidade – um acerto que permeia todo o longa, no qual o protagonista se utiliza até mesmo de coices de cavalos em um estábulo para se livrar de seus perseguidores.

Outro acerto da produção é o bom uso da violência, que não é exagerada, mesmo sendo explícita, aumentando o valor de entretenimento dos embates, que seguem quase uma estrutura de video game, em fases, elevando a dificuldade a cada novo grupo que tentar matar Wick pela recompensa milionária. Aliás, é importante ressaltar que a inspiração nos jogos não está apenas na estrutura do filme, mas em sua linguagem, a qual também flerta com HQ’s. Isso fica mais evidente nas cenas de luta – embora algumas sejam um pouco longas demais, inflando os 131 minutos de duração, são ajudadas pela boa montagem, que não picota demais as sequências, evitando um caos visual que poderia acontecer facilmente tendo em vista a quantidades de personagens a ação destes momentos; mérito do diretor Chad Stahelski.

Por outro lado, o roteiro – escrito por Dereck Kolstad e Chris Collins (o primeiro, responsável pelos dois longas anteriores) – não consegue manter uma consistência linear. O enredo acerta ao desenvolver o protagonista – aqui, mais exaurido que nunca -, porém, é o único a ter qualquer tipo de desenvolvimento. Personagens presentes desde o começo da franquia, como Winston (Ian McShane) e Charon (Lance Reddick) estão operantes, o primeiro com seu característico deboche e o segundo com a eficiência de um mordomo inglês com conhecimentos sobre armas. O elenco ainda conta com nomes conhecidos como Anjelica Houston, Halle Barry e Lawrence Fishburne, que dominam bem os papeis que desempenham, tendo boas cenas mesmo com pouco tempo de tela, já que o roteiro introduz e retira personagens depois que estas já cumpriram sua função na trama.

Na contramão, o roteiro acerta ao abraçar o absurdo e até o ridículo de sua premissa – que começou, no primeiro filme, por causa de um carro e um cachorro, fato citado ou referenciado como piada mais de uma vez ao longo de Parabellum -, fazendo um bom uso do humor, que complementa a ação de forma carismática. E o elenco sabe aproveitar essa brecha – ou melhor, a maior parte do elenco sabe. A exceção é a Juíza, interpretada por Asia Kate Dillon, a qual quer que Wick seja punido a qualquer custo, podendo ser vista como a principal antagonista do filme. Inicialmente, a personagem até apresenta uma fisicalidade interessante – andrógina, com uma movimentação que alterna o robótico e o reptiliano -, no entanto, a cada cena da personagem, a interpretação se torna mais e mais caricata, passando, inclusive, a sensação de que a atriz está desconfortável na pele da vilã.

Assim, “John Wick – Parabellum” é uma boa opção de diversão para um fim de semana com os amigos: tem um bom valor de entretenimento, tem um design de produção apurado, o roteiro se esforça para que o espectador casual que não assistiu aos seus antecessores – tendo apenas lidos os resumos na internet – consiga compreender a narrativa sem ser muito expositivo, tem um protagonista cativante – já que Reeves está super relaxado no papel e trabalha muito melhor com ação-comédia do que com ação-drama, e apresenta um plot twist que abre espaço para um quarto longa – embora o astro tenha declarado que gostaria que a história encerrasse como uma trilogia para que não fosse estragada por inúmeras sequências -, e tudo nesta terceira parte, desde o título à conclusão, parece indicar um quarto e último filme, afinal “o caminho para o paraíso começa no inferno” e este é o longa mais infernal para Wick, que, se quiser paz, terá que “se preparar para a guerra”. Não é uma obra-prima da sétima arte, mas, sem dúvida, está acima da média de longas de ação e é um bom cinema-pipoca.

 

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