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Deslembro: Obra de Flavia Castro relembra traços de sua história

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Joana é uma adolescente que se alimenta de literatura e rock. Ela mora em Paris com a família, quando a anistia é decretada no Brasil. De um dia para o outro, e à sua revelia, a família volta para o país do qual ela mal se lembra. No Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e onde seu pai desapareceu nos porões do DOPS, seu passado ressurge. Nem tudo é real, nem tudo é imaginação, mas ao “lembrar”, Joana inscreve sua própria história no presente, na primeira pessoa.

Produzido por Walter Salles, Gisela B. Câmara e Flavia Castro (diretora do longa), o filme conta a história de amadurecimento de uma adolescente com contornos de uma família progressista. A diretora Flavia Castro nos indaga: “Como lembramos? Como funciona nossa capacidade de lembrar na adolescência, quando tudo tende para o futuro, e que a memória emerge e invade o presente”?

A trama tem um roteiro profundo. A diretora extrai lindo momentos de descobertas da adolescente com muita poesia e humildade. O drama faz uma bonita  passagem à fase adulta, com equilíbrio, demonstrando sensibilidade para temas complexos, onde se conversa em francês, português e espanhol.

A  fotografia, de Heloísa Passos, merece atenção. As cores se envolvem com a trama com muita lucidez.  Porém Flavia Castro perde um pouco a mão, trazendo um certo vazio existencial em seus personagens, buscando obter a imagem do pai desaparecido durante a ditadura.

Foi durante a montagem do documentário Diário de uma busca (que retrataa  trajetória do seu pai, militante e exilado político nos anos 70), absorta por testemunhos, cartas, diferenças entre as minhas lembranças com as de outros familiares, que surgiu a vontade de ir mais longe em um trabalho sobre a memória, diz Flavia Castro. Quando a infância foi uma sucessão de exílios, fugas, luto e lutas, como será, depois disso, esse momento de transição?

Para ir mais longe nessas questões, a ficção se impôs para a diretora que se interessou em mostrar a subjetividade da adolescente Joana: como ela sente, busca, sobrevive e se reinventa.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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