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Rodrigo Lima, vocalista do Dead Fish, fala do novo álbum “Ponto Cego”

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Por Mario Teixeira

O Brasil nunca foi uma terra fértil para bandas de Punk Rock. Sem incentivo nas rádios e programas de TV, sem espaço adequado nos mais recentes canais do YouTube, sobreviver na selva da industria fonográfica requer competência, radicalidade e garra. Portanto não se espantem ao saber que um dos mais longevos grupos de punk rock (estilo consagrado por bandas antológicas como Ramones, Bad Brains, Dead Kennedys, Black Flag, Ratos de Porão, Inocentes, Patrulha 666) está de disco novo.

O Dead Fish, que existe no cenário desde 1991, apresenta seu mais novo trabalho: Ponto Cego, um disco ainda mais virulento e pesado do que Vitória (2015) e ainda mais bem trabalhado do que Contra Todos (2009).  Abaixo você encontra nosso bate-papo com o vocalista da banda.

Qual a importância de um disco de punk rock no Brasil, um mercado dominado por modismos e que nos últimos anos viu o público se render a gêneros como o sertanejo e o funk?

Rodrigo Lima – É nossa responsabilidade também não estarmos mais tão na pauta da molecada, o punk e o rock talvez tenham envelhecido mal pra essa rapaziada. Nos tornamos velhos chatos e cagadores de regra pra um monte de gente. O punk nunca esteve em pauta dentro do mainstream brazuca, isso aconteceu mais for a do Brasil que aqui dentro, claro que hoje somos muito menos ouvidos do que em 2000, mas apesar de todas as idas e vindas o rock e punk são um cenário muito forte longe da visão das massas e dos donos das rádios. Pessoalmente curto um monte de artista de funk brasileiro, como o Catra, acho que ele foi muito mais roqueiro que muito roqueiro. Quanto ao sertanejo nem posso opinar por que nunca ouvi e nunca me interessou. Tenho amigos que gostam muito do Tião Carreiro

“Contra todos” (2009) é um disco bem agressivo, e “Vitória” (2015) segue o mesmo caminho; o que podemos esperar do novo cd?
Rodrigo Lima  – Ponto Cego é um álbum mais direto, mais estudado e conceitual. Tem muita agressividade como acho que em toda nossa obra. Estou orgulhoso desse nosso novo trabalho

A MTV foi um veículo importante para muitas bandas, que ajudou bastante o punk rock nacional. Vocês sentem falta deste espaço ou a internet se tornou o meio ideal para divulgar o trabalho da banda?
Rodrigo Lima  – Eu nunca fui o maior fã da MTV,  mas definitivamente eles fazem muita falta. Caras como o Massari, O Gordo, o Kid Vinil e o Gastão levantaram muito o nível da música no Brasil. Agora tem a internet que é bastante bom pro Dead Fish, mas as coisas podiam ser menos dispersas. Não se é veloz demais pro meu hd dos anos 90,mas tudo parece durar no máximo dois minutos, até assuntos muito importantes.

Como será o processo de divulgação do novo álbum? Vocês já tem uma música de  trabalho? Podemos esperar novos clipes?  Vocês planejam uma turnê para divulgar o novo trabalho?
Rodrigo Lima –  Estamos por junho e julho com uma assessorial de imprensa da Deckdisc conosco, a Batucada.  Sim, a música Sangue nas mãos é nosso primeiro single, esta por ai  já.  Teremos clipe, já temos um lyric video de “Sangue nas mãos” que deu uma visibilidade bem boa.  E já temos o Garage sounds programado pra julho. Acredito que seja um grande começo pra divulgar o album novo.

A enquete (no site da banda) para armar o set list é uma ideia genial, vocês pretendem repetir esta estratégia?
Rodrigo Lima  – Agora no lançamento, não, mas a gente sempre lança mão desses recurso durante o ano.

Com sete discos a banda já pode considerar que tem um legado ou este é apenas o começo?
Rodrigo Lima  – É um legado bonito de vinte e oito anos. Não fazemos planos, seguimos a vida dia após dia. Quem sabe possamos fazer algo em menos de dois anos.

Quais as bandas que continuam a influenciar o som de vocês?
Rodrigo Lima – Ainda ouço bastante 7seconds, Ratos de Porão, Fugazi, Public Enemy e essas bandas estavam lá nos primeiros dias.

O Dead Fish pode ser definido em uma frase? Qual?
Rodrigo Lima – Não faço a minima ideia… Talvez – Autonomia e persistência? Melhor banda do mundo? Hahahaha.

Se o Dead Fish de 1991 pudesse se encontrar com a banda hoje, qual seria a reação? Quais as maiores frustrações e as grandes conquistas de uma banda de punk rock com quase 30 anos de estrada?
Rodrigo Lima – Acho que eles se assustariam com a gente, somos pessoas melhores hoje, acredito. Nós éramos garotos muito mais agressivos e talvez muito mais inocentes pra muitas coisas. O Dead Fish foi a banda que mais errou durante sua carreira inteira e consequentemente a que mais acertou. Existem coisas que eu não repetiria e outra que não deixaria passar. Com quarenta e seis anos de idade e vinte oito de banda eu diria pra mim mesmo pra ser menos sério, um garoto de dezenove anos precisa se diverter, precisa estar no seu tempo, acho que a gente se segregou demais do nosso presente naquele tempo. Não gostávamos de ninguém, éramos idiotamente elitistas, mas isso também nos ajudou a criar nosso próprio mundo, nossa estética, nossas regras e as nossas faltas delas. Enfim, é uma vida só e ela acaba, é preciso estar atento.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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