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Charles Gavin transforma “O Som do Vinil” em música e politica

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Charles Gavin se jogou de cabeça no universo feminino para traçar um panorama inédito da música brasileira sob a ótica de grandes mulheres, das mais diferentes gerações. A 13ª temporada do programa “O Som do Vinil” estreia no dia 15 de julho, às 23h.

Colecionador ávido de LPs raros, o antigo baterista dos Titãs traz 27 intérpretes, compositoras e musicistas falando sobre trabalhos antigos e atuais, dissecando faixa a faixa o que há por trás e à frente de cada álbum. Além disso, este ano, as conversas vão além da arte, questões de gênero, machismo e homofobia são discutidas pela primeira vez, com artistas das mais diferentes gerações, como Gal Costa, Letrux, Elza Soares,  Sandra de Sá, Roberta Sá, Letrux, Zélia Duncan e Leny Andrade.

 Esse é o 13ª ano do seu programa “O Som do Vinil”, com um temporada dedicada só as mulheres, num momento político super importante. Foi intencional ou uma coincidência?
Charles Gavin – Foi intencional. No começo desse ano, a gente tava pesando, refletindo sobre o fato de ter um programa no ar, indo para décima terceira temporada, não tinha como não ficar preocupado com a repetição, mas sempre respeitando o formato.

A ideia venho de repente, eu tava tomando café da manhã, em fevereiro, a gente começando a produção da temporada e com essa questão na cabeça: “O que podemos fazer, de diferente”, eu gostaria de fazer algo dentro programa, dentro do formato, mas que nunca tinha sido feito. E ai, apareceu essa ideia, de repente. Uma temporada só com mulheres.

Qual é o proposito dessa nova temporada?
Charles Gavin – É um temporada com um olhar feminino sobre a música brasileira. Fiz o contato com Canal Brasil que adorou a ideia, mas me alertou sobre agenda, por que a gente está delimitando um pouco a produção do programa. A nossa estrutura não pode permanecer por muito tempo montada, por que ela é cara, todo mundo ficou preocupado, mas a produtora vestiu a camisa com uma garra e fizemos um projeto lindo com mais de cinquenta nomes listados. Algumas pessoas estavam em turnê, como a Alcione, e não puderam fazer parte. Mas tudo bem, faz parte.

Nós conseguimos reunir um elenco muito variado, muito diferente, muito diversificado que é a cara da música brasileira. É a cara da cultura do Brasil!

Faltou alguém nesse elenco de mulheres que vocês selecionaram?
Charles Gavin – Eu não diria que faltou, eu diria que sempre vai ter lugar para gente fazer uma nova temporada, no estilo volume 2.

Algumas pessoas me perguntaram porque fazer uma temporada só com mulheres. Eu acho que diante do quadro que está ai, é uma pauta que a gente não pode mais deixar de lado. É importantíssimo falar sobre igualdade de direitos entre homens e mulheres, seja no trabalho, no esporte, na política, …, o Brasil é um país machista por excelência. Essa é uma luta não só das mulheres, é uma luta do ser humano pela igualdade. O que for possível, eu fazer dentro da minha esfera, é um passo muito importante. Foi, com certeza, um aprendizado.

 Eu, particularmente, sempre me relacionei muito bem com as mulheres, desde o colégio. Meus grandes amigos foram mulheres, cheguei a ter problemas na escola por conta disso, por que o meu papo fluía melhor com elas, eu me abria com as minhas amigas, os caras não gostavam, mas eu sempre me identifiquei com o espirito feminino.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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