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‘Azougue Nazaré’ defende o carnaval, as manifestações artísticas e a não imposição religiosa

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Por Tatiane Alves

Fé, religiosidade e aspectos culturais sempre estabelecem bons conflitos no cinema e dentro deste contexto, Tiago Melo usou e abusou dessa realidade para dirigir Azougue Nazaré. Exibido e premiado em diversos festivais ao redor do mundo, ele trouxe a cidade de sua avó para compor a história de seu primeiro longa-metragem. Ele que já foi produtor de Aquarius, Boi Neon, Bacurau e Divino Amor, desta vez, entrelaçou o maracatu pernambucano e seus personagens clássicos num enredo dramático que mistura a fantasia da ficção com a tensão da realidade.

Melo colocou toda a sua experiência para mostrar o Brasil e sua pluralidade. A tradição que passa de geração em geração através dos trabalhadores rurais mostram o colorido o sincretismo religioso do Nordeste, mas se contrastam com o cinza, a seriedade e o extremismo religioso presente nas denominações protestantes.

Essa construção fica visível na atuação de Barachinha – mestre de Maracatu, que no filme vive um pastor que tenta converter toda cidade. Na outra extremidade, temos o personagem Catita interpretado por Valmir do Côco. Por si só, essa dualidade do longa é interessante por trazer para o centro a cultura africana, portuguesa e indígena, revelando toda intensidade que representa o carnaval para a população nordestina e a paranoia religiosa que sempre pode acabar em ódio desmedido.

O resultado é uma leitura clara do que é o Brasil, suas nuances e misturas. O roteiro é assertivo, a fotografia revela belezas de um Nordeste que ainda possui seus canaviais, heranças coloniais, crenças e costumes. Certamente, o leitor vai gostar de ver o Brasil sob o olhar de Tiago Melo que se distancia do eixo Rio-São Paulo para mostrar um parte do país que o Brasil costuma ignorar. É o cinema nordestino expressando seu potencial, ganhando a força e o respeito que merece.

Se a diversidade é a cara do Brasil, porque é tão difícil de ser encarada de forma natural e não podem conviver em harmonia? A pergunta segue sem resposta, mas sem dúvidas abordar o tema através do audiovisual se faz cada vez mais necessário. Talvez, por esta razão, o filme tenha sido aclamado no exterior e também no Brasil. Realmente, o filme é ótimo.

 

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