Cláudio Assis ( Amarelo Manga, Baixio das Bestas e Febre do Rato) se inspirou livremente na sua própria história e na história da região de Pernambuco em seu novo filme, Piedade, que transborda afeto. O diretor leva pluralidade as temáticas abordadas com os comentários sociais pelos quais já é conhecido, em uma obra mais reflexiva.
A trama acompanha moradores da fictícia cidade de Piedade, que viviam do turismo e da pesca até que a chegada de uma indústria petroleira inviabiliza o litoral e faz com que o mar fosse tomado por tubarões. Em meio a isso, um executivo da Petrogreen, é enviado para negociar com as famílias e tentar tirar os moradores de uma vez por todas da região. Os personagens nos conduzem por submundos de uma cidade litorânea no Nordeste que sofre com uma agressiva especulação imobiliária.
É interessante observar como Assis faz acenos às problemáticas por meio de pequenos detalhes, como destruição ambiental e social, ativismo político, especulação imobiliária e muito mais, junto ao elenco composto por Fernanda Montenegro, Cauã Reymond, Gabriel Leone Matheus Nachtergaele e Irandhir Santos.
Claudio Assis constrói um filme, com senso de urgência sobre as questões sociais apresentadas e ao mesmo tempo entrega personagens carregados de afetividade. É uma obra claramente política e com conotação social, envolvendo relacionamentos pessoais que dão todo um novo peso dramático à trama.
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