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Exclusiva: Rick Bonadio fala do mercado musical atual e da experiência das Lives

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Produtor e empresário musical, Rick Bonadio comenta a experiência na televisão.

Foto: Kenny Kanashiro.

Produtor, compositor, músico e empresário musical, Rick Bonadio tem em seu currículo a descoberta de grandes nomes da música e a produção de artistas como Mamonas Assassinas, Charlie Brown Jr., Los Hermanos, Ultraje a Rigor,  Luiza Possi, Rouge, IRA!, NX Zero, Fresno, Titãs, Mr. Catra, Roberta Miranda entre muito outros.

Diretor geral da Virgin Records Brasil no período de janeiro de 1997 até abril de 2001, dirigiu o desenvolvimento, no Brasil, de artistas como Backstreet Boys, Spice Girls, Britney Spears, Manu Chao, Lenny Kravitz, The Rolling Stones.

 Você já produziu artistas de vários gêneros musicais, seria possível, contar como funciona o olhar de um produtor e empresário musical? Aliás, gostaria de saber se você tem algum gênero preferido?
Rick Bonadio – Eu não tenho um gênero especifico, né, eu acabo gostando de muita coisa, acho que isso também ajuda na hora da gente trabalhar na área musical. Então, eu gosto de muita coisa, mas é claro que tem alguns gêneros que eu prefiro e alguns que acabo não gostando. Mas eu procuro separar isso do meu olhar profissional, o meu olhar sempre vai procurar artistas que estejam fazendo algo diferente. Algo mais inovador, original, com contundência. Artistas com personalidade, que tenham características que o façam se destacar.

 A música é capaz de mudar o estado de espirito do ser humano. O que te influência musicalmente no dia a dia?
Rick Bonadio – Eu sou muito de tocar aquilo que eu estou sentindo, eu acho que comigo é ao contrário, a música talvez não mude o meu espirito, eu aproveito o estilo que estou para fazer aquele tipo de música. Por exemplo, se estou num dia mais tranquilo mais calmo, eu acabo indo pro Jazz, se eu estou num dia mais eufórico, agitado, eu acabo ouvindo mais Hip Hop. O um espirito é quem dita o caminho da música.

 Gostaria de saber como você vê o mercado musical no momento? Você acredita que as Lives sejam uma forma de retomada do mercado musical? Elas vem para ficar?
Rick Bonadio – Eu acho que nos últimos cinco anos melhorou bastante! A gente veio de uma época que tinham músicas muito ruins fazendo sucesso. Tinham algumas boas, mas eu sempre fico vendo a balança dessa história.

Agora a gente tem uma leva muito boa de artistas novos, em vários gêneros, fazendo sucesso. Nesse momento de pandemia, as pessoas estão muito ligadas a músicas boas, deixando de lado as músicas de balada, por exemplo, de lado.

Com relação as Lives, eu acho que elas são uma opção meio que urgentes para os artistas poderem estar perto dos seus públicos, mas eu acho que acabando a pandemia não teremos muito espaço para as Lives. Aliás, eu acho que a experiência da live é muito ruim, eu acho que o artista gosta de estar no palco, assim como o público gosta de ver o artista próximo dele. Eu acho que a experiência da live é broxante para os dois lados.

 A internet e as plataformas digitais são cada vez mais usadas no processo de criação (principalmente agora em tempos de pandemia) e divulgação de novos artistas. As plataformas de streaming criaram um novo mercado de distribuição e publicidade? Quais os prós e os contras do universo tecnológico para a indústria musical?
Rick Bonadio – A tecnologia distribuindo musica facilita muito! É muito bom! Eu vejo só prós, eu não vejo nem contras, a experiência é muito positiva. A música chega mais rápido, a gente tira a força das gravadoras, então, os artistas independentes tem mais força, eu acho, que de uma maneira geral, assim, só vejo pontos positivos. Se tiver algum contra, acho que talvez a tecnologia tenha dado uma falsa ilusão de que qualquer pode ser artista.

Foto: Kenny Kanashiro.

 Você participou do quadro “Olha a minha banda” no Caldeirão do Huck na TV Globo, e criou o primeiro reality show dentro de um estúdio de gravação: o Fábrica de Estrelas, que foi ao ar pelo Multishow em 2013. A experiência na televisão trouxe uma nova perspectiva sobre o mercado musical?
Rick Bonadio – Olha, com certeza! A experiência televisiva, principalmente, nos realitys musicais, me deu uma experiência incrível, porque a gente fazia muitas audições no mesmo dia, então, é como se fosse um treinamento, uma pós-graduação do produtor, acaba ficando mais ágil para reconhecer o talento, defeitos também, começa a ter uma visão mais global do artista, desde a personalidade, a atitude, além da música. Enfim, todos os projetos de televisão que eu fiz, sempre acrescentaram muito na minha bagagem, na minha carreira e na minha condição de produtor executivo de música no Brasil. Se fosse, possível, eu acho que todos os produtores deveriam passar por essa experiência.

 Você recentemente lançou em parceria com Vitor Kley, o álbum “A Bolha”, um projeto que traz o cantor assumindo novos gêneros. Como foi o processo de criação desse álbum?
Rick Bonadio – O processo de “A Bolha” foi de deixar rolar a criatividade do Vitor, eu me coloquei toda a disposição dele, eu me coloquei a disposição da criação dele com toda a minha bagagem.

  Foi uma experiência fantástica! O Vitor é dos artistas jovens mais talentosos dessa nova geração, além de ser uma pessoa incrível, um cara muito legal de se trabalhar e que tá, constantemente, criando, né. A gente acabou de fazer o disco “A Bolha”, mas ele já fez um monte de música nova, ele não para, é muito fértil, muito criativo.

 Seria impossível não citar nessa entrevista que foi você que descobriu o fenômeno Mamonas Assassinas, grande marco na indústria musical. Você conseguiria citar alguns dos momentos mais marcantes com a banda, na sua opinião? Aliás, você acredita que a banda conseguiria se manter no mercado musical, nos tempos atuais?
Rick Bonadio – Para mim é um prazer falar de Mamonas! Momentos marcantes para mim dos Mamonas, acho que foi quando eu ouvi pela primeira vez “Robocop Gay” e “Pelados em Santos” numa versão meio brega, meio Reginaldo Rossi. E eu, quando ouvi de manhã, pensei: “Meu, é isso, vamos misturar com Rock que vai dar certo”. E um outro momento marcante, foi no dia da assinatura do contrato com a EMI, no meu estúdio no pé da Serra da Cantareira. Era a realização de um sonho deles e meu.

Agora, eu não acho que eles estariam até hoje no mercado como Mamonas Assassinas. Mas com certeza, eles estariam fazendo coisas incríveis individualmente, na música, na comunicação, no entretenimento.

 Para encerrar, qual é a importância da música como instrumento socioeconômico? Aliás, você acredita que a música seja um instrumento educacional?
Rick Bonadio – A música é arte principal que mais influencia as pessoas no mundo! Eu acho que não tem outra arte que crie tendências, que ajude a pessoa a se motivar. Eu vejo muitas causas hoje, em relação a minorias, em relação a derrubada de preconceito, é um amadurecimento que está acontecendo na nossa sociedade, e eu tenho certeza que através da música, isso vai acontecer de uma maneira mais forte e rápida, encontrando muito menos resistência.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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