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Reedição de “Rita Lee”, disco de 1980, celebra os 40 anos do álbum

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Na primavera de 1980, “Rita Lee”, de Rita Lee e Roberto de Carvalho foi lançado. Considerado um disco que mudou o Pop e o  Rock brasileiro escancarando a intimidades da dupla, trouxe um caldeirão de estilos que marcaria definitivamente a obra do casal.

A semente já havia sido plantada no disco anterior, “Rita Lee” (1979) em canções como “Doce Vampiro”, “Chega Mais” e, principalmente, “Mania de Você”. E foi no disco “Rita Lee” (1980) que ela floresceu com mais força, ultrapassando o milhão de cópias somente no Brasil.

Hoje amplamente conhecido como “Lança Perfume”, o disco quebrou alguns paradigmas, é o primeiro é de que não precisava ser careta para falar de amor. Aliás, o tesão escorre das faixas como “Caso Sério”, uma das mais sensacionais num disco repleto de sensacionais.

A quentura era tamanha que ficar de quatro no ato foi inevitável. E é o que Rita cantou em “Lança Perfume”, a música de maior sucesso do LP e a aula magna do rock/ pop brasileiro.  Muito do mérito vem do espírito livre do disco, marcado pela força da mulher que também compunha e cantava o prazer de ter prazer com ela. Não por acaso, Rita chegou a descrever a música como “uma coisa de suor, de cheiro”.

E não foi só o Brasil que desbaratinou ao som da música! Ela se tornou número 1 na França durante semanas. Conquistou a Europa toda, a América Latina, os EUA – entrando na parada da Billboard – indo parar no Japão e até em Israel. Assim, Rita e Roberto pariram um disco atemporal.

Outra quebra está justamente na confirmação do estilo da dupla em misturar de tudo. O rock de Rita – legítima tropicalista – encontrou em Roberto um parceiro que não tem medo de ousar. E daí saíram os “rockarnavais” – como batizou a própria – como “Lança Perfume”. Daí saíram as misturas pop com boleros, bossa nova, rumba, jazz, reggae, R&B… no rock de Rita e Roberto, tudo pode. Sorte a nossa. É um pouco como a Maria sem vergonha do jardim, aquela que topa tudo. Mas que faz questão de um cafuné, como canta em “Bem me quer”.

“Baila comigo” (que Rita concebeu em um sonho) é daquelas músicas que arrepiam. Ela se transforma em semente, em índio, em um pássaro. Um pardal que é livre, livre como Rita, tomando seu banho de sol. A faixa é uma perfeita junção de letra, música… e músicos.

Além da produção de Guto Graça Mello e de Roberto de Carvalho (também na guitarra, violão, piano e sintetizador), feras de estúdio acompanharam a estrela no disco. Lincoln Olivetti emprestou com seu piano, sintetizador, bass synth e minimoog, em um estilo que ajudou a definir uma época. Além disso, outros parceiros como Robson Jorge (guitarra), Jamil Joanes (baixo), Picolé (bateria), Chico Batera (cowbell, timbales e marimba), Cláudia Niemeyer (baixo), Naila Scorpio (percussão), Lulu Santos (que assinava Luis Maurício; baixo), entre outros fizeram parte também.

O rei pé-de-chinelo, gente de bem e dono da aldeia, está em “João Ninguém”. Rita revelou que o ditador João Figueiredo foi a inspiração para a letra, que é até hoje uma caricatura de tanta gente no poder, no mundo todo. O tipo que “quanto mais tem mais quer”. Encarnando o personagem que só quer saber de se dar bem, Rita diz, no meio da música e em um assustador tom profético para 40 anos depois: “Brazil no jungle/ Brazil is money/ Money is good/ No money, no good”.

E vamos falar da voz de fada de Rita? Ela nos transporta a um outro lugar. Outro planeta. Talvez o mesmo do qual ela saiu para chacoalhar esse mundinho. Basta ouvir “Shangrilá”. UAU! É uma força na delicadeza que não se consegue emular. Única. E cantando um poema – Rita é pura poesia. Ela tem um dom de compor que, ao falar dela, nos aproxima. Escreve sobre ela mesma e fala da gente. Ou com a gente.

E em sua psicodelia-pop, ela bem sabe da importância da imagem: aquela capa, com figurino esvoaçante assinado por Norma Kamali, está tatuada para sempre no imaginário pop coletivo. Com Rita no Olimpo de nossa cultura, dá orgulho de ser brasileiro.

Quarenta anos depois, Rita Lee (o disco e a gênia) se mostram ainda mais atuais. Ainda mais necessários. Portanto, te convido a colocar o LP na vitrola, como era nos 80 e como está voltando a ser!

Sim, a reedição traz as artes originais, com direito ao nome de Rita escrito em dourado na capa, como era nos 80s. E um toque especial, que vai agradar aos fãs e colecionadores: o vinil da reedição é branco translúcido.

Na catártica “Nem luxo nem lixo”, Rita, naquela “canoa furada, remando contra a maré”, canta dois pedidos: saúde, pra gozar no final. E imortalidade. Imortal, sua obra já te tornou!

Por Guilherme Samora

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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