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“Artigos e textos jornalísticos” reúne 13 textos raros de Zelda Fitzgerald

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A antologia “Artigos e textos jornalísticos” reúne 13 textos raros de Zelda Fitzgerald e propõe uma leitura contemporânea de suas facetas de ensaísta, contista, bailarina e artista plástica.

Concebida como um livro de artista, a edição apresenta esses escritos menos conhecidos em diálogo com as intervenções artísticas originais da escritora brasileira Clara Averbuck e da cartunista Bruna Maia. Completa a edição um ensaio crítico exclusivo escrito por Marcela Lanius, doutora em Estudos da Linguagem pela PUC-Rio e uma das principais pesquisadoras da obra de Zelda Fitzgerald no Brasil.

Clara Averbuck, nome incontornável da literatura brasileira contemporânea, especialmente no que se refere ao campo da autoficção, envia uma carta ao passado e engata uma conversa ficcional com a escritora no ensaio poético “A melindrosa não está morta!”, que abre a edição. Já a cartunista Bruna Maia, famosa por abordar temas como transtornos mentais, feminismo e dilemas geracionais com acidez aguçada no perfil @estarmorta, de enorme sucesso no Instagram e no Twitter, cria uma série de crônicas visuais que acentuam as diversas manifestações do trabalho de Zelda e a atualidade dos temas retratados nos textos.

Marcela Lanius destaca que os escritos que compõem “Artigos e textos jornalísticos” encapsulam um momento específico na história da cultura estadunidense e registram o amadurecimento da artista de vários talentos, atenta não apenas às mudanças que viu, sentiu e viveu, mas também aos reflexos dessas mudanças em seu próprio corpo, sua própria vida, nas vidas daqueles que estavam à sua volta.

Zelda Fitzgerald (1900-1948) publicou apenas um livro durante sua vida, o romance “Esta valsa é minha”, de 1932. No entanto, entre os anos de 1917 e 1948, a “it girl” original, que ficou conhecida como a primeira melindrosa, escreveu uma série de contos, artigos e textos jornalísticos. Embora muitos desses escritos tenham se perdido ao longo do tempo, alguns chegaram a ser publicados na época. Entretanto, como eram assinados também por seu marido, F. Scott Fitzgerald, o nome de Zelda acabou sendo apagado e sua autoria só reapareceu anos depois, quando descobriu-se que o próprio Scott atribuiu os créditos a ela em seus cadernos de registro.

Parte dessa produção esparsa começa finalmente a chegar ao público brasileiro em uma publicação que, pela primeira vez no país, coloca Zelda em seu lugar devido (o de autora) e propõe que ela seja lida não como grande heroína ou esposa de um escritor famoso, mas como uma escritora modernista por seus próprios méritos: “que esta seja uma oportunidade para não mais reproduzirmos os discursos que nos cercam, mas sim para encontrarmos um novo”, escreve Lanius.

“Artigos e textos jornalísticos” traz “O livro mais recente de meu marido”, uma debochada resenha de “Os belos e malditos” na qual Zelda ironiza o fato de páginas desaparecidas de seu diário ressurgirem no romance de Scott, e o conto “O iceberg”, publicado no jornal literário da escola onde ela estudava, redescoberto em 2013 e até agora inédito em livro. Escrito quando Zelda tinha por volta de 17 anos, o conto retrata e desafia, com ironia fina, os papéis que a conservadora sociedade americana do início do século 20 esperava das mulheres.

Também integra a antologia “Elogio da Melindrosa”, cujo tom satírico transmuta-se na comédia atenta e mascarada de “Todo homem casado tem um dia um momento de revolta?” A melodia reflexiva e urbana de “A beleza inconstante da Park Avenue”, por sua vez, dá lugar à leveza censuradora de “Tinta e pó” e “Que fim terá levado a melindrosa?”, e a nostalgia dolorida de “Acompanhe o sr. e a sra. F ao quarto -” e “Leilão – Modelo 1934” se desmancha na idiossincrasia colorida de “Sobre F. Scott Fitzgerald”.

O projeto gráfico da edição, inspirado no caráter efêmero dos scrapbooks dos Fitzgerald e dos veículos em que os textos compilados apareceram originalmente (revistas e jornais), cria uma espécie de catálogo para acomodar os três fios narrativos do livro: os textos de Zelda, dispostos em ordem cronológica, são emoldurados pelas crônicas visuais de Bruna Maia e por fotografias dos Fitzgerald em diversos períodos. A cor laranja é uma referência às primeiras edições dos livros dos Fitzgerald lançados pela Scribners. A capa discreta e a moldura vazia impressa em verniz sobre o fundo preto fazem referência ao discurso artístico embutido nos cavaletes de cristal criados no final da década de 1950 pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi para o Museu de Arte de São Paulo (MASP).

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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