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Acervo de Ruy Guerra é adquirido pelo Instituto Moreira Salles

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O Instituto Moreira Salles adquiriu parte do acervo pessoal do escritor, compositor e cineasta Ruy Guerra (1931), que completou 90 anos no domingo (22/8). Os itens do acervo são, sobretudo, relacionados à atuação de Guerra no campo da literatura e da canção. Aliás, o conjunto é composto por cerca de 600 correspondências, 1.200 fotografias, 400 originais de produção literária, incluindo roteiros, letras de canções, contos, poemas e anotações, entre outros itens.

Com uma carreira múltipla, transitando entre o cinema, a música, o teatro e a literatura, Ruy Guerra nasceu em 1931, em Moçambique, na época colônia portuguesa. Aos 20 anos foi para Paris, onde se formou cineasta. Em 1958, desembarcou no Rio de Janeiro, adotando o Brasil como seu país. Seus dois primeiros filmes – Os cafajestes (1962) e Os fuzis (1964) – logo o tornaram conhecido no cenário cinematográfico.

Nas décadas de 60 e 70, foi parceiro letrista de compositores como Edu Lobo, Francis Hime, Milton Nascimento e Chico Buarque. Com o último, escreveu e realizou o musical Calabar: o elogio da traição, proibido pela censura da ditadura militar em 1973. Em 1976, dirigiu nos palcos Trivial simples, texto do ator Nelson Xavier. Ao longo de sua carreira, também se dedicou à poesia e à crônica, tendo colaborado com jornais nacionais.

O acervo que chega ao IMS, certamente, evidencia o caráter plural da obra do artista e a importância da palavra em seu trabalho.

Entre os destaques, há, por exemplo, cartas trocadas entre Guerra e nomes essenciais da cultura brasileira e internacional, como Augusto Boal, Cacá Diegues, Glauber Rocha, Paulo José e Mario Vargas Llosa. Nas fotografias, há registros da infância e juventude do artista, além de imagens com a família e amigos, como Gabriel García Márquez. O conjunto também traz também fotos feitas durante todos os filmes do cineasta, de Os cafajestes (1962) a Aos pedaços (2020).

Já a produção intelectual inclui originais de letras de canções, manuscritos e datiloscritos, de autoria de Guerra em colaboração com grandes nomes da música nacional. Entre elas, estão “Tatuagem”, parceria com Chico Buarque, “Minha”, escrita com Francis Hime, e canções para a peça de teatro Woyzeck, com Edu Lobo. No material, há ainda poemas originais, manuscritos e datiloscritos, publicados em colunas do Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo.

Outro destaque é a documentação, reunida por Guerra, composta de fotocópias de documentos produzidos pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) sobre a censura de obras suas, sobretudo a peça de teatro Calabar: o elogio da traição, escrita em parceria com Chico Buarque, durante a ditadura militar.

O conjunto será incorporado ao Acervo de Literatura do IMS. A coordenadora Rachel Valença destaca a importância do material, enfatizando os diálogos possíveis com os demais arquivos sob a guarda do IMS: “É nossa política privilegiar a incorporação de acervos que conversem com os que já temos sob nossa guarda. Ruy Guerra foi contemporâneo de Boal, de Ana Cristina Cesar, de Décio de Almeida Prado, de Francisco Iglésias e de tantos outros importantes titulares de acervos que abrigamos.”

Ao adquirir a coleção, o IMS une esforços ao Arquivo Nacional e à Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que já são depositários de outros núcleos do acervo de Ruy Guerra, na tarefa de preservar e divulgar a obra do artista.

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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