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“O Corsário do Rei do Meu Pai”, de Augusto Boal, faz temporada on-line

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Depois de 14 anos no exílio, Augusto Boal montou “O Corsário do Rei do Meu Pai” que trata das aventuras do corsário francês, Duguay Trouin, que invadiu o Rio com o propósito de ocupá-lo e depois revendê-lo aos portugueses e brasileiros. Para ele, era perder tempo e dinheiro com as meras operações de pirataria. O rei da França autorizou a empreitada. Daí por diante, muita sátira e denúncias da corrupção da administração e do clero, a exploração do capitalismo e todas as mazelas do Brasil de ontem e de hoje.

Porém, a peça não foi bem recebida pela crítica. Armou-se um “bafafá” no cenário cultural brasileiro, de um lado defensores do talento de Augusto Boal, de outro, um segmento atrasado, provinciano, cujo espírito estaria marcado pelo chamado jequismo. Na verdade, uma postura preconceituosa contra um brasileiro que viveu no exílio.

Em “O Corsário do Rei do Meu Pai”,  o ano é 2043. Ao revirar coisas guardadas em sua casa, uma garota encontra o celular de seu falecido pai, um professor de história que havia dirigido uma peça de teatro. No aparelho estão arquivos de vídeo registrando essa tentativa de montagem, ocorrida entre os anos de 2020 e 2021. O texto em questão era “O Corsário do Rei”, de Augusto Boal, que remete à história real do corsário René Duguay Trouin, uma espécie de pirata autorizado pelo Rei francês a montar uma sociedade de ações com o intuito de “sequestrar” a cidade do Rio de Janeiro. O texto faz, assim, uma analogia com os primórdios do capitalismo moderno.

O que a garota vai percebendo, ao assistir aos vídeos, é que os graves eventos políticos e sociais, de saúde pública, ocorridos no início da década de 2020, afetariam estruturalmente o projeto teatral de seu pai. Uma pandemia mundial havia condicionado todo o elenco a produzir uma obra teatral à distância, apoiados nos recursos tecnológicos de comunicação de sua época, através da internet. A linguagem estética teatral, naquele momento, estava se deslocando, tentando se adaptar a uma realidade em que nem o público, nem os atores, nem ninguém podia se encontrar e se expor à contaminação.

Em “O Corsário do Rei do Meu Pai”, vemos a tentativa da garota de compor um documentário baseado no que sobrou dessa obra incompleta de seu pai. Da mesma maneira, ela tenta descobrir sua própria história, sua origem, ao recompor esses fragmentos do passado.

A Cia Coisas Nossas estreia adaptação do texto de Boal com temporada gratuita e on-line, que acontece de 9 a 20 de setembro às 20h, todos os dias, no Youtube do grupo , com músicas de Chico Buarque e Edú Lobo.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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