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The Beatles: Ícone de uma geração permeia entre décadas

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Beatlemaníacos avante! A banda chegou ao fim em 1970, mas não impediu que se tornasse referência para outras bandas famosas.

Existem bandas que são, certamente, imortais, como The Beatles! Quem nunca ouviu   uma das músicas mais tocadas entre várias gerações, que atire a primeira pedra. Os quatro rapazes de Liverpool, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr formaram a banda mais influente de todos os tempos, tanto que até hoje são fontes de livros, documentários, filmes e séries ficcionais e documentais.

Aliás, eles brilharam também no cinema. Em “Curtindo a Vida Adoidado” com o hit “Twist and Shout”. Sem falar nos filmes que foram inspirados na banda como em “Yesterday” e “Febre de Juventude”.

Para celebrar o Dia dos Fanáticos por Beatles ou Beatles Freak Day, celebrado no mundo inteiro neste 14 de janeiro, conversamos com Nehemias Gueiros, advogado especialista em direitos autorais, sobre a banda britânica que merece a sua atenção.

 A banda de Rock inglês The Beatles fez historia no mundo da musica, atraindo fãs até o dia de hoje. Como os Beatles conseguiram construir esse movimento cultural dentro do gênero musical?

Nehemias Gueiros – É realmente notável a força com que esse sonho foi desencadeado, nutrido e ampliado mundialmente por uma banda de Rock de quatro jovens ingleses, cuja história como grupo aconteceu (e explodiu mundialmente) antes que qualquer um deles chegasse aos 30 anos. Suas músicas e suas vidas formaram uma parte tão grande do que ouvimos, assistimos e conversamos que todos os afetados por eles ainda veem os Beatles e ouvem suas músicas através de um prisma pessoal.

Os Beatles mudaram o que se ouvia e como se ouvia, eles transformaram o Rock num aríete para o avanço da cultura jovem ao mainstream, e esse avanço, por sua vez, mudou nossa cultura para sempre. Eles compuseram e cantaram músicas que a sociedade transformou em filosofia e até em política, criando um novo modo de vida.

Os Beatles cresceram como filhos da primeira geração do Rock’n Roll, ouvindo e imitando a música de Little Richard, Larry Williams, Chuck Berry, Elvis Presley e os sons posteriores mais sofisticados dos Shirelles e dos Miracles. Arrisco-me a dizer que eles plasmaram uma nova visão sonhadora do mundo que rompeu gerações e esse sonho reformulou nosso passado recente e nos afeta até hoje.

Quando explodiram , em 1964, depois de tomarem de assalto os Estados Unidos através do programa de TV de Ed Sullivan, os Beatles muito provavelmente salvaram o Rock da extinção, pois no início da década de 60 o gênero só existia no nome; além dos artistas de Soul, foi uma época de hypes da mídia sem talento como Fabian e Frankie Avalon na crista da onda.

Suas músicas refletiram e criaram uma troca de ideias que conectou a juventude do mundo inteiro. Era quase inevitável que, mesmo contra sua vontade, seus ouvintes moldassem um sonho de política e estilo de vida a partir da substância da música popular composta por eles. Pode-se dizer que, certamente, foi um testamento do Rock para o futuro.

Resumindo, os Beatles fizeram parte de uma corrente; The Beatles, certamente, consolidaram o Rock; o Rock mudou a cultura; a cultura nos mudou. O poder duradouro dessa constatação é tão permanente como o impacto que a música deles teve (e continua tendo) sobre nós, muito difícil encontrar alguém que não concorde com isso.

Uma curiosidade que muitos se perguntam é sobre a competitividade entre as bandas The Beatles e Rolling Stones, ela realmente existiu?

Nehemias Gueiros – Os Beatles abriram o caminho para muitas novas bandas fazerem música na década de 60. Eles mostraram aos grupos musicais o que significava escrever música, ultrapassar limites e experimentar. No entanto, a outra banda que surgiu na mesma época e por muitos anos foi considerada a principal rival dos Beatles, foram os Rolling Stones.

Segundo o especialista Paul Endacott, fundador do Music Heritage London, essa rivalidade foi na verdade algo criado para atrair publicidade e não foi real. De fato, as duas bandas se ajudaram de várias maneiras ao longo de seus primeiros anos.

Mas o que não falta é gente pensando e afirmando que os Beatles e os Stones eram rivais. Paul McCartney afirma que os dois grupos musicais eram realmente próximos e muitas vezes pegavam emprestados os bateristas, baixistas ou outros instrumentistas uns dos outros enquanto estavam surgindo na cena musical inglesa.

No entanto, em uma noite em particular, a amizade das bandas ficou evidente quando eles foram assistir a música um do outro. No dia 14 de abril de 1963, os Beatles estavam se apresentando num programa musical da TV inglesa e depois do show, o empresário Brian Epstein levou os quatro para assistir ao show de covers de Blues dos Rolling Stones em Richmond. Após o show, as duas bandas foram para o apartamento dos Stones em Chelsea e fizeram uma festa até as 4 horas da manhã.

Até hoje, Mick Jagger e seus companheiros de banda reconhecem que aquela noite foi determinante para o futuro sucesso dos Rolling Stones e Mick Jagger lembrou do evento em seu discurso de agradecimento quando a banda foi incluída no Rock’n Roll Hall of Fame, em 1989.

Detalhe: Brian Jones ainda era vivo e muitas vezes ajudou os Beatles a carregar instrumentos e equipamentos de som para o backstage depois de um show.

 Aliás, como era a relação interna do quarteto de Liverpool, principalmente, nos anos 70, durante a elaboração de “Abbey Road”?

Nehemias Gueiros – Em meio aos conflitos que definiriam seus últimos dias como banda, os Beatles se reuniram para uma última e magnífica criação artística. Foi o ápice de sua parceria de sete anos: quatro caras que cresceram juntos e que agora estavam se distanciando, catando os fragmentos de seu trabalho inacabado e organizando-os em um brilhante monumento musical.

Inicialmente o disco se chamaria “Everest”, e transformou-se num dos pontos altos da carreira dos Fab Four. Após o clima de deprê do álbum “Branco” e as sessões desastrosas que acabariam sendo incluídas em seu último álbum, “Let It Be”, de 1970, os Beatles precisavam de um retorno ao familiar. À beira de se separar, eles procuraram seu produtor de tantos anos, George Martin, e retornaram ao complexo de estúdios de Abbey Road da EMI, para criar o que pode ser considerado uma declaração final através da música.

Quando os Beatles se concentravam exclusivamente na música, eles eram geniais, mas quando tinham que voltar sua atenção para os negócios e outros assuntos, particularmente sua conturbada situação de royalties, era um desastre. Com seus assessores e amigos em constante desacordo, a banda estava mergulhada numa batalha perdida para recuperar o controle de seu próprio trabalho. A editora musical deles, Northern Songs, havia sido vendida recentemente sem a participação deles, e um plano para recomprá-la fracassou depois que John Lennon declarou publicamente, “Eu não vou ser fodido por homens de terno sentados em suas bundas gordas.”

No meio das gravações de “Abbey Road”, Paul McCartney apresentou uma nova música alusiva a este imbróglio “You Never Give Me Your Money” e logo depois de gravarem, os quatro tiveram uma discussão séria sobre quem administraria seus assuntos financeiros e a gravação foi interrompida. Eles então se dispersaram por alguns meses e tiraram férias com as esposas em viagens pelo mundo.

Finalmente, mais de quatro meses depois de começarem a gravar, os Beatles se comprometeram a fazer um disco de verdade, com George Martin reservando tempo no estúdio Abbey Road quase todos os dias da semana em julho e agosto de 1969. Lennon estava ausente na primeira semana de gravação, ele havia se ferido em um acidente de carro enquanto viajava com Yoko Ono na Escócia.

The Beatles
Reprodução Internet

No começo de agosto o disco ficou pronto e a icônica sessão de fotos para a capa aconteceu no dia 8, um dia muito quente em Londres (possivelmente o motivo pelo qual McCartney apareceu descalço). Naquela foto que se eternizou, os Beatles foram fotografados atravessando a rua em frente ao estúdio onde já haviam passado milhares de horas ao longo dos anos da carreira musical da banda.

Mas a banda já estava fadada ao fim! George Harrison já havia discretamente lançado seu primeiro disco “Wonderwall Music” um ano antes. John Lennon estava gravando e se apresentando com sua Plastic Ono Band nos Estados Unidos e Canadá, junto com a esposa, e Ringo Starr iniciava seu flerte com o cinema, participando de vários filmes. Mas, quando o disco “Abbey Road” chegou às lojas em outubro de 1969, os Beatles já eram uma banda extinta.

Ainda sobre a questão da competitividade, existia entre John Lennon e Paul McCartney?

Nehemias Gueiros – Quando falamos nos Beatles, logo pensamos na poderosa dupla de compositores formada por Lennon & McCartney. No entanto, nos bastidores nem sempre foi fácil para os dois. Um livro do jornalista musical Paul Du Noyer, amigo íntimo de Paul McCartney, “Conversations with McCartney” revela uma rivalidade entre os dois Beatles.

Segundo McCartney, havia uma certa competitividade com Lennon, mas essa rivalidade era “muito necessária” para o sucesso da banda. No livro, Paul explica que quando Lennon ouviu pela primeira vez sua música “Coming Up” (1980), ele se inspirou para criar o que acabou sendo seu último álbum, “Double Fantasy”. Parece que John ouviu-a em Nova York.

McCartney é rápido em dissipar rumores de má vontade entre os dois, descrevendo a competição entre os dois como saudável e “amigável”. De qualquer forma, sua parceria nos proporcionou algumas músicas lendárias como “Yesterday”, que detém o recorde de música mais regravada por outros artistas em toda a história.

A rivalidade amigável entre Lennon e McCartney continuou até a prematura morte de Lennon em 1980. A música “Here Today”, de McCartney (1982), foi escrita como uma homenagem a John Lennon na forma de uma conversa que eles poderiam ter se Lennon ainda fosse vivo. McCartney diz que a música ainda o emociona de vez em quando. Em 2004, ele disse ao The Guardian, “Pelo menos uma vez em uma turnê, essa música me pega. Estou cantando, acho que estou bem e de repente percebo que ela me emociona e que John era um grande companheiro e um homem muito importante na minha vida. Sinto falta dele, sabe?”

O fim da banda de Liverpool aconteceu a mais de 50 anos, mas é impressionante como eles influenciam em novos artistas até hoje como por exemplo Harry Styles, Radiohead, Nirvana, Guns and Roses e as nacionais Skank e Jota Quest. Gostaria de saber quais foram as influências para as criações musicais dos Beatles?
Os Beatles cresceram como filhos da primeira geração do Rock ‘n’ Roll, ouvindo e imitando as músicas de Little Richard, Larry Williams, Chuck Berry, Buddy Holly, Cliff Richard, Elvis Presley e Muddy Waters.

Brian Epstein (seu primeiro mentor) que “empacotou” os quatro roqueiros da classe trabalhadora de Liverpool como “role models”, substituindo seus cabelos oleosos, jaquetas de couro e vulgaridade no palco por terninhos comportados, gravatas alinhadas, sorrisos e roupas cuidadosamente arrumadas com cortes de cabelo diferenciados. Assim como os artistas brancos filtraram e suavizaram a crueza dos artistas negros nos anos 50, os Beatles no início eram versões mais suaves e seguras dos enérgicos músicos do movimento de Rock ‘n’ Roll original.

Poderia falar sobre a criação do International Beatles Freak Day e da Beatle Week?
O feriado International Beatles Freak Day foi criado e celebrado pela primeira vez em 14 de janeiro de 2009 pela fã dos Beatles, Faith Cohen, que a considera “uma carta de agradecimento e de amor aos Beatles”. O evento é celebrado com música e uma variedade de eventos que celebram a paz e a harmonia. O evento foi criado com o intuito de celebrar a banda mais famosa do mundo em Liverpool, cidade onde foi criada, atraindo milhares de fãs e dezenas de bandas para lá todos os anos no mês de agosto.

Já a história da Beatleweek começou em 1977, quando a primeira Convenção dos Beatles em Liverpool foi realizada no clube do Sr. Pickwick em Fraser Street, fora da London Road. O evento de dois dias, realizado em outubro, foi organizado pelo lendário DJ do Cavern Club, Bob Wooler e por Allan Williams, primeiro empresário dos Beatles. O evento incluiu música ao vivo, oradores convidados e exibições especiais.

Em 1981, Liz e Jim Hughes, o casal dono do Cavern Mecca Club organizou o Primeiro Mersey Beatle Anual Extravagance no Hotel Adelphi. Em 1984, o evento Mersey Beatle mudou-se para o St. George’s Hall, onde, aliás, os convidados incluíam o proprietário do lendário Cavern Club, Ray McFall, o assessor de imprensa dos Beatles, Tony Barrow, e Charles Lennon, tio de John. Já em 1986, depois que o conselho da cidade interveio por um ano para manter o evento, a Cavern City Tours foi convidada a assumir a Convenção Mersey Beatle e desde então organiza o evento anual, com bandas cover locais e internacionais.

Porém uma grande mudança foi feita em 2018, quando o programa da Beatleweek foi reduzido de seis dias para quatro, embora o festival ainda apresente sete dias de música em locais da cidade.

A Beatleweek é um grande sucesso e ao longo de seus 38 anos de história foi realizada em vários locais diferentes em Liverpool, incluindo os teatros Cavern, State Ballroom, Olympia, Empire e Royal Court, Alma de Cuba, Grand Central Hall, Hotel Adelphi, e, surpreendentemente, na Igreja de São Pedro em Woolton e na Catedral de Liverpool.

Eu tive grande honra e alegria de ter representado o Cavern Club no Brasil de 2018 a 2021, a convite do saudoso e eterno amigo Carlos Alberto Chaves de Carvalho, que nos deixou em 2021 e foi o pioneiro organizador das participações de bandas cover brasileiras dos Beatles na Beatleweek de Liverpool.

Alê Shcolnik
Alê Shcolnikhttps://www.rotacult.com.br
Editora de conteúdo e fundadora do site, jornalista, publicitária, fotografa e crítica de cinema (membro da ACCRJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro). Amante das Artes, aprendiz na arte de expor a vida como ela é. Cultura e tattoos nunca são demais!

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