Armageddon Time, longa de James Gray, traz olhar infantil sobre racismo

Baseada na infância do diretor e roteirista James Gray, Armageddon Time aborda as questões da adolescência em uma trama sobre lealdade e amizade. Traçando uma trajetória amadurecimento, o longa aborda a força da família e a busca que atravessa gerações pelo “sonho americano”.

O cineasta responsável por Ad Astra e Z – A Cidade Perdida aposta em um projeto pessoal e, completamente, imersivo. No final da década de 1970, antes de Ronald Reagan ser eleito presidente dos Estados Unidos, uma família vive no Queens e precisa passar por um processo profundamente pessoal.

Armageddon Time acompanha a história de Paul Graff (Banks Repeta), um garoto da sexta série que quer ser um artista famoso. Ao se aproximar de Johnny (Jaylin Webb), colega de classe negro, com quem divide muitas semelhanças, ele perceberá que o mundo não é tão simples assim.

James Gray expõe essa desigualdade através do olhar infantil de Paul: muito jovem e cercado de privilégios, o menino vai entendendo que Johnny não faz parte daquele universo disfarçadamente preconceituoso que o cerca. Assim, o olhar ingênuo traz sensibilidade e emoção à história.

Armageddon Time expõe temas cruciais, colocando nas telas a (eterna) discussão sobre preconceito racial.  Os dois se conectam pela personalidade forte, mas quando a situação aperta, a punição é sempre maior para Johnny. Como um garoto branco da classe média, Paul tem mais “direito” à rebeldia, mesmo enfrentando a fúria dos pais em casa, do que seu colega que não tem perspectiva de futuro. Aliás, a perola deste filme é como o  cineasta não discute o assunto de forma mais ampla ou didática. Além disso, Gray traz aquele pequeno universo particular com grande potência as telas.

Destaque do Festival de Cannes 2022, Armageddon Time conta com um elenco de grandes estrelas que inclui Anthony Hopkins, Anne Hathaway e Jeremy Strong.