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“Fábrica de Chocolate” retorna aos palcos após nove anos

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"Fábrica de Chocolate"
Foto: fernandovski

“Fábrica de Chocolate”, com texto de Mario Prata e idealização de Hermes Frederico, traz o mais contundente texto teatral sobre o período da ditadura. Peça retorna aos palcos após 9 anos de sua primeira montagem. Mais atual do que nunca, “Fabrica de Chocolate” lança olhar sobre a fabricação de mentiras/fake news para obtenção do poder.

O autor, Mario Prata construiu a peça a partir de um dado: um homem morreu durante a tortura e o órgão repressor precisa simular um suicídio. Esta ação revela os preparativos para provar que o morto, operário de uma fábrica de chocolate, suicidou-se. Ambientado nos porões da ditadura, aqueles desvãos de lixo que garantem a permanência das fachadas das sociedades injustas. O texto não economiza detalhes de um horror que às vezes resvala para o humor desagradável. Ao mesmo tempo em que nos constrange esse humor extemporâneo — é impossível esquecer um só momento que se trata da soma de acontecimentos reais.

A montagem da peça em 2013 trazia um tema atualizado através da criação e atuação da COMISSÃO DA VERDADE. Ao longo das várias temporadas a contundência do texto foi sempre se renovando, seja pelo sumiço do pedreiro Amarildo após entrar numa patamo da Polícia Militar, seja pelos assassinatos de Marielle e Anderson, seja pela “homenagem” feita por um parlamentar à um torturador durante a votação de um processo de impeachment da Presidente que criou a Comissão da Verdade e que foi torturada durante a ditadura civil-militar.

Traçando um paralelo entre “ontem” e “hoje” pode-se observar a contemporaneidade deste texto. Hoje, uma grande disputa de poder se trava com o advento das fake news, onde mentiras são disparadas com o auxílio e velocidade implacável das mídias sociais. O intuito é destruir o ser humano pela desconstrução/distorção moral e de suas ações. Sendo assim, contribuir até mesmo, para processos de adoecimento por moléstias psicossomáticas. Novamente, tem-se a chave mestra, o elo principal ou a liga desta receita, a mentira; usada para justificar e atenuar crimes praticados e que assim como nos tempos da ditadura, visam à manutenção ou obtenção de poder social.

“Fábrica de chocolate” é uma das raras peças de teatro que impacta a plateia pela sua dramaticidade e ao mesmo tempo é um testemunho de um dos momentos mais horripilantes da história do Brasil. Mário Prata antecipa dramaturgicamente o fenômeno das fake news como instrumento da ditadura militar. É com a alma tocada de sentimento artístico e de justiça aos direitos humanos que trazemos à cena esse chocolate sujo de sangue – descreve Hermes Frederico, idealizador do projeto.

“Fábrica de Chocolate” registra diversos escalões do aparato repressivo, do carcereiro-torturador, passando pelas chefias intermediárias até os escalões superiores. É mostrando seres humanos comuns, usando uma linguagem estimulante e verdadeira, que por vezes os aproxima de nós, que esse texto nos desafia agudamente, sem maniqueísmos.

Tocado pela morte de Wladimir Herzog, Mario Prata recriou o famigerado ambiente dos porões da ditadura e seus “gorilas”, dando vida a personagens sem rosto da nossa história. Para isso, teve a preocupação de acrescentar um dado fundamental nesta terrível história que nos é contada sem pudor: a satisfação irreverente que rompe a crueza da situação.

 Serviço
Local: Sede Cia dos Atores ( Rua Manuel Carneiro, n.º 12, Santa Teresa, RJ (Escadaria Selarón)
Estreia/ Temporada: 09/11 a a 22/12
Dias e Horários: Quartas e Quintas-feiras às 20h (Duração: 75min.)
Lotação: 72 lugares
Classificação: 18 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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