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Ludovic Carème em exposição no MAR

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Fotografia documental desvenda em imagens o início das histórias dos povos originários no território brasileiro.

Ludovic Carème
Foto: Ludovic Carème/ Agence VU’

O fotógrafo francês Ludovic Carème inaugura em 3 de dezembro a exposição individual, “Margens”, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá. A exposição traz um olhar documental diante da dura realidade dos brasileiros. Aliás, o trabalho é resultado das vivências do artista no país, onde chegou a morar por mais de dez anos no final da década de 2000.

Registradas em preto e branco com seu olhar sensível, profundo e detalhista, seja no Acre, no meio da selva Amazônica, ou em uma favela de São Paulo, suas fotos dialogam entre si e revelam histórias. A exposição é uma iniciativa da Embaixada da França no Brasil, com curadoria de Christian Caujolle, crítico de fotografia de renome internacional, a exposição terá 68 fotos, que serão doadas para o acervo do MAR.

O retratista, que já fotografou estrelas internacionais como John Malkovich, David Lynch, Woody Allen, e no Brasil, Milton Nascimento, Ruth de Souza e Oscar Niemeyer, entre outros, ao chegar no Brasil mergulhou em um novo trabalho de fotografia documental, outra de suas paixões. “Quando cheguei na cidade de São Paulo, com sua efervescência urbana característica, senti a expressão de uma diversidade do mundo tal como ele é, sem hipocrisia. Não são aqueles que escrevem ou fazem história que me preocupam, mas aqueles que estão sujeitos a ela. Quando faço um retrato, não olho para o meu modelo como um estranho ou “o outro”, mas como o meu contemporâneo”, explica Ludovic.

“Margens” é dividida em três séries. Começa com “Favela Água Branca”, uma ocupação urbana na margem do Rio Tietê, em São Paulo, onde as lentes de Ludovic evidenciam o cotidiano de uma comunidade condenada à destruição pela especulação imobiliária. Em sua maioria trabalhadores, essas pessoas aparecem em retratos de corpo inteiro. Além disso, a exposição aborda também a São Paulo de 2012, maior megalópole da América do Sul, com espaços abandonados que se transformam em ruínas em uma cidade onde moradores de rua se escondem do olhar e do frio da cidade.

De 2015 a 2017, o fotógrafo decide fazer o caminho inverso dos migrantes fotografados na cidade de São Paulo, procurando desvendar com suas imagens o início das histórias dos povos originários no território brasileiro. Dali, segue para o Acre, onde produz “Na beira do Rio Jurupari e Rio Envira”. Lá, Ludovic capta imagens de uma floresta por vezes poderosa, outra destruída, e de seus moradores. A conexão entre esses espaços leva o artista à seguinte conclusão, “Tal como os habitantes de São Paulo que eu fotografei, os do Acre são descendentes de escravos do Nordeste e estes vestígios, infelizmente, ainda estão presentes”, afirma Ludovic.

Ele completa, “Essas histórias brasileiras têm, certamente, particularidades com o tráfico de escravos e o colonialismo importado da Europa, um problema universal. As populações deixam a natureza para ir para cidades com uma demografia cada vez mais impressionante e, por outro lado, assistimos à destruição maciça da natureza, outra importação europeia perversa sempre ávida de lucro por um espírito de dominação em detrimento do povo”, reflete Ludovic.

No início de 2022, uma residência artística levou Ludovic a fotografar jovens moradores das Favelas da Maré e do Morro da Babilônia, comunidades do Rio de Janeiro. Uma pergunta o norteou essa etapa intitulada “Retratos e Mar”: “O que você gostaria para o seu futuro? “. Nessa temporada, Ludovic também captou imagens do mar carioca, para formar dípticos, fazendo um paralelo entre a esperança desses jovens e a vastidão do oceano perturbador em direção ao horizonte.

“Ao falar sobre os povos originários e os jovens das favelas, Ludovic traz esse olhar documental da realidade brasileira. Dessa maneira, essa parceria com a Embaixada da França no Brasil vem no sentido de reforçar e alimentar a nossa vocação aqui no MAR de sempre tentar apresentar histórias por uma perspectiva mais inclusiva e mais plural”, afirma Raphael Callou, Diretor e Chefe da Representação da OEI no Brasil.

SERVIÇO:
Visitação: 3 de dezembro a 26 de março de 2023
Local: Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá

As obras apresentadas nesta exposição entrarão no acervo do Museu de Arte de Rio no âmbito de uma doação do fotógrafo Ludovic Carème.

Rota Cult
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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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