Mato seco em chamas reafirma a força da população em busca do horizonte

Mato Seco em Chamas se passa na favela de Sol Nascente, na Ceilândia (DF), onde a principal moeda de troca entre grupos inimigos é o petróleo. Chitara, grande gasolineira da região, tenta fidelizar a clientela junto ao seu poço particular, com a ajuda da irmã. Quando o Brasil se torna mais conservador e ameaça votar na extrema-direita, o posicionamento de Chitara se transforma num ato político.

Depois de passar por festivais a fora, o mais novo projeto do Adirley Queirós, Mato seco em chamas aborda a latência do embate políticos entre brasileiros. O longa conta a história de uma candidata à deputada distrital em busca de ressocializar compatriotas.

Numa região em estado de choque, com direito a toque de recolher e à desfaçatez em que militares preveem saudações, filme demarca contraponto ao contingente verde-amarelo  um corajoso grupo feminista que tem intimidade com maquinário pesado.

Mato seco em chamas registra o desmantelamento do poder. Os focos de fogo do filme  ecoam reflexões sobre criminalidade em meio é um país futurista, onde o roteiro está perto e distante da nossa realidade.

Aliás, é importante destaca como a fotografia imprime um Brasil sem cor, dominando a narrativa, demonstrando que, infelizmente, não há a cor no horizonte. Além disso, a ficção se mistura com o tom documental, trazendo a narrativa a aparência de distopia com toque de realidade. Adirley Queirós e Joana Pimenta promovem, surpreendentemente, um encontro partidário, partindo da construção de personagens reais.