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“NEVA” se passa em São Petersburgo, no dia que ficou conhecido como Domingo Sangrento

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NEVA
Foto: Mauro Kury

Após ser indicado ao Prêmio Shell 2023 nas categorias Melhor Direção e Iluminação, “NEVA”, a versão cênica de Paulo de Moraes para a obra-prima de Guillermo Calderón, o mais conhecido dramaturgo chileno da atualidade, volta em cartaz de 17 a 26 de março, na Fundição Progresso. Em abril, o espetáculo inicia temporada de dois meses em São Paulo.

“NEVA” , peça escrita em 2005 pelo dramaturgo e diretor de teatro chileno Guillermo Calderón, se passa em São Petersburgo, então capital do Império Russo, em um dia de 1905. Não em um dia qualquer, mas em 9 de janeiro de 1905, no dia que ficou conhecido como Domingo Sangrento, quando manifestantes que marchavam para entregar uma petição ao Czar, pedindo melhores condições de trabalho nas fábricas, foram fuzilados pela Guarda Imperial. A ação de NEVA, no entanto, se passa dentro de um teatro, onde um ator e duas atrizes que iriam se encontrar para ensaiar “O Jardim das Cerejeiras”, acabam, meio sem querer, se abrigando do massacre que acontece nas ruas e que será o estopim da revolução que acontecerá posteriormente no país.

Uma das atrizes trancada dentro do teatro é a alemã Olga Knipper (Patrícia Selonk), primeira atriz do famoso Teatro de Arte de Moscou e que foi casada com o dramaturgo russo Anton Tchekhov. Sentindo-se incapaz de representar, depois da morte do marido por tuberculose acontecida há seis meses, e na tentativa de seguir vivendo – enquanto lá fora a cidade desaba –, Olga instiga Masha (Isabel Pacheco) e Aleko (Felipe Bustamante) a encenarem repetidamente junto com ela a morte de Tchekhov.

A partir desse desassossego, entre incertezas artísticas e embates políticos, a pergunta que mais se impõe é “para que serve o teatro?”. Com um humor feroz, Calderón escreve sobre uma Rússia conflagrada politicamente no início do século 20, mas reflete sobre o seu Chile da década de 1970 e, talvez, sobre o Brasil desses anos obscuros, tempos onde “tudo o que tem água está congelado, inclusive os homens”. A discussão proposta pelas personagens oscila entre a afirmação da absoluta necessidade da arte (“Temos que fazer teatro. Temos que fazer uma peça que nos cure a alma.”) e da sua total irrelevância (“Pra que perder tempo fazendo isso? O teatro é uma merda. Querem fazer algo que seja de verdade: saiam às ruas.”).

Para o diretor Paulo de Moraes, “em ‘Neva’, Calderón propõe um tipo de teatro que me encanta porque é um teatro eminentemente político, mas que se propõe a mergulhar em uma linguagem poética cortante e num humor extremamente ácido. A partir de acontecimentos surpreendentes, no meio de muitas tosses e promessas vagas de amor, ele levanta perguntas muito provocativas. Perguntar bem, perguntar mais e melhor, esse é o teatro que me interessa.”

Serviço
Local: Fundição Progresso – Espaço Armazém (Rua dos Arcos, 24, Lapa)
De 17 a 26 de março de 2023, sexta-feira e sábado, às 20h, e domingo, às 19h.
Venda na bilheteria do Espaço Armazém (uma hora antes das apresentações) ou pelo site www.sympla.com.br/armazemciadeteatro
Classificação: 14 anos

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Redação do site E-mail: contato@rotacult.com.br

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