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Criaturas do Senhor e as jornadas internas silenciosas do ser humano

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Criaturas do Senhor O mundo é formato por comunidades, mesmo em grandes metrópoles, nós formamos nossas pequenas tribos. Isso é ainda mais forte em cidades pequenas, quando todos se conhecem e praticamente quase todos os segredos são sabidos pela comunidade, essa é a premissa de Criaturas do Senhor.

Em uma pequena vila de pescadores na Irlanda, Aileen (Emily Watson) é uma mulher respeitada na comunidade, principalmente por outras mulheres. Chefe de equipe em uma fábrica de processamento de ostras, ela e a avó e ajuda a cuidar do sogro doente. Porém quando Brian (Paul Mescal) retorna a cidade é como se uma pedra levantasse todo o sedimento da vida pacata de Aileen, agora, ela terá que abrir mão de seus valores pelo filho.

Inicialmente, não se entende o objetivo do longa, contudo logo após a chegada de Brian, tudo fica claro. Aileen é uma mãe que se doa totalmente pela família. Cuida do marido que mal olha para ela, ajuda o sogro doente que às vezes a agride em sua demência, toma conta do neto, trabalha e ainda é dona de casa. Ela é o papel completo do que se espera de uma mulher na sociedade machista que se vive. A chegada de seu filho coloca um novo elemento em sua vida.

 O rapaz voltou do exterior sem um centavo, e agora pretende recomeçar a vida como criador de ostras na pequena vila. A primeira ação que Aileen faz por Brian é roubar da fábrica onde trabalha para ajudá-lo na criação das ostras, mesmo que isso vá prejudicar outras colegas de trabalho da sua equipe. Aileen é uma mãe que não mede esforços pelo filho, mesmo que isso envolva crime ou que ela se comprometa moralmente.

O roteiro de Fodhla Cronin O’Reilly e Shane Crowley consegue criar rapidamente as dinâmicas da vila, a família de Aileen e sua relação com o filho. Mais a frente quando Brian é acusado de agressão sexual, o roteiro é muito conciso em tocar no tema com a dureza necessária sem ser explicito, a partir dai, o terceiro ato foca na mulher que foi abusada, Sarah (Aisling Franciosi). Tanto o roteiro quanto a direção, por Saela Davis e Anna Rose Holmer, são compostos por mulheres, o que dá mais ênfase a temática abordada, denotando a necessidade da união feminina nesses casos.

O filme aborda temas importantíssimos hoje dentro da questão feminista e do abuso sexual, contudo, ao passo que as diretoras se dedicaram na responsabilidade ao falar do assunto, elas acabaram por deixar de lado o ritmo do filme. Infelizmente, o longa se arrasta demais, dificultando verdadeiramente que atenção do público se mantenha. A fotografia retrata  a vila, com ar de solidão, instrumento importante na criação que da protagonista e de sua jornada. Criaturas do Senhor é sobre isso, jornadas internas extremamente silenciosas.

Com um elenco incrível e um tema que sempre precisa ser discutido, Criaturas do Senhor se prejudica com a inabilidade de criar ritmo que prenda a atenção.

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